Paquistão e Afeganistão prorrogam cessar-fogo após confrontos e prometem novo diálogo
Após semanas de tensão e ataques aéreos, Paquistão e Afeganistão estendem cessar-fogo e buscam solução diplomática mediada pela Turquia
O Paquistão e o Afeganistão decidiram prolongar o cessar-fogo após uma reunião realizada em Istambul, nesta quinta-feira (30). O acordo veio depois de uma série de confrontos violentos na fronteira, os mais graves desde que o Talibã assumiu o controle de Cabul em 2021. Neste mês, os combates resultaram em mortes, ataques aéreos do Paquistão e no fechamento parcial da fronteira, usada para o comércio entre os dois países.
Turquia e Catar se colocaram à disposição para ajudar no diálogo
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, as partes concordaram em criar um mecanismo de monitoramento para garantir que o cessar-fogo seja respeitado. Caso alguma das partes descumpra o acordo, sanções poderão ser aplicadas. Uma nova reunião está marcada para o dia 6 de novembro, também em Istambul, onde serão definidos os detalhes de como esse sistema vai funcionar.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, também confirmou o fim das negociações iniciais e disse que ambos os lados concordaram em seguir conversando em novos encontros. Ele afirmou que o Afeganistão busca relações pacíficas e respeitosas com o Paquistão, baseadas na não interferência nos assuntos internos de cada país.
🇵🇰🇦🇫🇹🇷 Paquistão e Afeganistão concordaram com um novo cessar-fogo temporário após a falta de um acordo definitivo e marcaram a próxima rodada de negociações para 6 de novembro em Istambul, na Turquia.
Um mecanismo de monitoramento foi implementado para garantir ações concretas… pic.twitter.com/kPPfnqxHVW
— 🇧🇷🇮🇹 Gabriel Ferrigno | Geopolítica (@bielferrigno) October 30, 2025
Enquanto assinavam o cessar-fogo, o Talibã orquestra uma tentativa de participar da COP30 (Foto: reprodução/X/@bielferrigno)
Governo paquistanês ainda não fez uma declaração oficial
Os recentes confrontos tiveram início depois que o Paquistão lançou uma série de ataques aéreos dentro do território afegão, alegando que integrantes do Talibã paquistanês — grupo considerado uma das maiores ameaças à segurança do país — estariam escondidos em solo afegão. Segundo as autoridades paquistanesas, esses militantes vinham planejando e executando atentados contra suas forças de segurança, especialmente em regiões próximas à fronteira, o que teria motivado a resposta militar.
O governo do Afeganistão, por sua vez, reagiu com indignação, classificando os bombardeios como uma grave violação da soberania nacional e uma afronta às leis internacionais. As autoridades afegãs negaram abrigar membros do grupo extremista e afirmaram que o país não permite o uso de seu território para ações contra nações vizinhas. Além disso, o Talibã pediu respeito mútuo e cooperação.
A fronteira de 2.600 km entre os dois países é, há décadas, motivo de tensões e acusações mútuas, especialmente por causa da presença de grupos armados na região.
