Aumento de tarifas impede exportação de mais de 2 mil toneladas de mel

O tarifaço sobre a importação de produtos brasileiros deixaram mais de 2 mil toneladas de mel paradas desde 09 de julho, quando a taxação foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Brasil é o 5º maior exportador de mel no mundo, ficando atrás somente da Ucrânia, Argentina, Índia e em primeiro lugar, China. A taxação se iniciou nessa quarta-feira, dia 06 de agosto, após falhas tentativas de negociação com os EUA. 

Importações de mel

O cenário preocupa produtores e exportadores desde julho, com o anúncio do tarifaço. No mês passado, as exportações de mel ficaram 50% abaixo do esperado, de acordo com dados coletados pela Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel). 

A tarifa sob a importação de produtos brasileiros, atinge a histórica relação dos Estados Unidos com a importação de mel brasileiro, sendo os principais compradores. Segundo a Abemel, mais de 80% das vendas do Brasil para o exterior foram somente para os Estados Unidos. 

Com a queda das importações dos Estados Unidos, o presidente da Abemel, Renato Azevedo, estuda novos mercados e redirecionar o produto para o mercado interno. Ainda de acordo com ele, a maioria da produção de mel vem da agricultura familiar e o impacto da queda das vendas para os norte-americanos também comprometeria a renda de milhares de famílias.

Novos desafios na exportação

A nova alternativa dos exportadores é encontrar novos mercados, porém não é uma tarefa fácil. Um dos principais pontos é que cada país ou bloco econômico possui suas próprias exigências de qualidade. Além disso, focar no mercado interno, em um curto prazo, será um desafio, uma vez que o brasileiro não tem costume de consumir mel.


Produtores de mel do Mato Grosso do Sul, maior produtor do país (Foto: reprodução/Senar).

De acordo com Renato Azevedo, a Europa é o segundo maior comprador de ml brasileiro, porém a cada ano eles aumentam as exigências de qualidade. Atualmente, cada produtor deve ter uma certificação individual. Como grande parte da produção do produto vem de pequenos agricultores que não possuem condições econômicas e estruturais para atender essa exigência, que dificulta no volume de vendas para a Europa: “Por isso, conseguir a certificação orgânica europeia se tornou algo quase inviável para o Brasil.”, afirmou Azevedo.

Por outro lado, as vendas de mel orgânico não sofreram tanto, uma vez que os norte-americanos têm preferência para esse tipo e abre margem para negociações com o governo norte-americano.

Estratégias

Para vencer a crise, o setor está criando estratégias de médio a longo prazo para contornar a situação. Conforme o presidente da Abemel, o mel pode ficar estocado por até 3 meses, permitindo uma margem maior para negociações com o mercado norte-americano. 

Algumas estratégias são: inclusão do mel na cesta básica, incentivo de compra de mel por programas públicos, atualização e regulamentação técnica de certificados de identidade e qualidade do produto, alterar rótulos de produtos que contenham mel na composição e identificar o ingrediente e criação de promoção internacional do mel brasileiro. 

Mas segundo o presidente Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), Sérgio Farias, mesmo com as estratégias o setor não possui um plano B, uma vez que é fortemente dependente dos Estados Unidos.