Luiz Barroso reflete após anuncio de aposentadoria do STF: “Abrir espaço para novos ciclos”

Ministro deixa o STF após um mandato 12 anos e afirma em discurso que o Supremo “nunca agrada a todos” destacando o papel da Corte na democracia brasileira

10 out, 2025
Ministro Luís Roberto Barroso | Reprodução/Getty Images Embed/Bruno Escolastico Sousa Silva
Ministro Luís Roberto Barroso | Reprodução/Getty Images Embed/Bruno Escolastico Sousa Silva

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrando uma trajetória de 12 anos na Corte. Aos 67 anos, Barroso poderia permanecer até os 75, mas afirmou que chegou o momento de “abrir espaço para novos ciclos” e dedicar-se a outros interesses pessoais. Em entrevista após a sessão, o ministro refletiu sobre o papel do Supremo na sociedade e afirmou que o Tribunal “nunca agrada a todos”.

Segundo ele, “o Supremo está sempre desagradando alguma área. Ou a gente agrada as feministas ou a gente agrada os evangélicos. Se tem uma forma de não agradar é tentar agradar todo mundo”.

Anuncio ocorreu durante sessão do plenário

Durante seu pronunciamento no plenário, Barroso destacou que o STF, mesmo enfrentando críticas e momentos de grande tensão, tem sido peça fundamental na preservação da democracia.

“Algum grau de protagonismo e de excesso de exposição pública às vezes desagrada até o próprio Tribunal, e a mim. Porém, esse arranjo institucional com este papel do Supremo foi o que garantiu ao país 33 anos de estabilidade institucional da vida brasileira.”

— Luís Roberto Barroso

Ele também agradeceu aos colegas e servidores da Corte, dizendo que “a convivência diária foi uma lição constante de respeito e aprendizado”.


As palavras de despedida do ministro Barroso (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Motivação para a aposentadoria

Barroso afirmou que a decisão de se aposentar é motivada por questões pessoais e familiares. “Há sacrifícios e ônus da função que acabam recaindo sobre a família. Quero me voltar agora à literatura, à poesia, à espiritualidade e à vida acadêmica”, explicou. Conhecido por seu estilo equilibrado e por decisões de impacto em temas como direitos civis e liberdades individuais, o ministro encerra sua passagem deixando um legado de firmeza e diálogo.

Com a saída de Barroso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá indicar um novo nome para o STF. O escolhido precisará ter entre 35 e 75 anos, notório saber jurídico e reputação ilibada. Após a sabatina e votação no Senado, o novo ministro ocupará a cadeira e dará continuidade à história do Supremo, marcada por debates que moldam o rumo político e jurídico do país

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