Brasil aumenta seu estoque de etanol como antídoto para casos de metanol
País amplia compra de etanol para uso como antídoto para intoxicação por metanol após crescente no número de casos e reforça medidas de prevenção
Na última semana de setembro, foram registradas mortes de jovens em decorrência do consumo de bebidas alcoólicas no estado de São Paulo. O episódio gerou grande preocupação em todo o país, evidenciando a falta de conhecimento sobre os riscos do metanol e a importância de medidas de prevenção para evitar esse tipo de intoxicação, tanto antes quanto após a ingestão de bebidas alcoólicas.
Casos identificados
Até o momento, o Brasil já registra 59 casos de infecção por álcool metanol em todo o país, sendo 53 casos em São Paulo, onde começaram os casos e onde se concentra a maior incidência deles, 5 em Pernambuco e 1 no Distrito Federal.
Dessas infecções, 11 foram identificadas por detecção laboratorial da presença de metanol. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que foi instalado um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais federais, além da compra de mais de 4.000 ampulas, frascos pequenos para conter amostras, para abastecer os hospitais públicos em caso de internações.
ALERTA: Intoxicação por metanol em SP.
Casos suspeitos acenderam um alerta em todo o Brasil. O Ministério da Saúde já determinou medidas urgentes.Segue o fio para entender o que está acontecendo e como se proteger pic.twitter.com/zJK4TakJCs
— Ministério da Saúde (@minsaude) September 30, 2025
Alerta do Ministério da Saúde sobre o caso (Foto: reprodução/X/@minsaude)
Posição de Padilha
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que, em caso de suspeita de infecção por metanol, os médicos ou farmacêuticos devem indicar, de maneira imediata, o uso do etanol: “Se for mais rápido, o efeito vai ser maior porque ele compete com o metanol no processo de metabolização. Com isso, ele reduziria os efeitos. A utilização dele pode não só evitar a morte, mas também evitar sequelas e agravos”, disse.
“O profissional de saúde é obrigado a perguntar àquela pessoa o que ela acha que ingeriu. Se foi em uma festa, a gente identifica e vai identificar quem forneceu a bebida para aquela festa, se alguém que comprou em uma festa menor. Isso permite o rastreamento de onde vem aquela bebida”, completou Padilha.
Como o metanol e o etanol agem no corpo
O etanol pode atuar como antídoto em casos de intoxicação por metanol porque ambos utilizam a mesma via metabólica no organismo, sendo metabolizados pela enzima álcool desidrogenase no fígado.
O problema é que, quando o metanol é metabolizado, gera compostos altamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que causam danos graves ao sistema nervoso central, à visão e podem levar à morte.
O etanol, ao competir com o metanol pela ação dessa enzima, reduz a velocidade com que o metanol é transformado em seus metabólitos tóxicos. Com isso, o organismo ganha tempo para eliminar o metanol de forma mais segura pelos rins e pulmões, diminuindo os efeitos letais da intoxicação.
