Burgum assina ordens que enfraquecem proteção ambiental e impulsionam exploração energética

Secretário do Interior dos EUA revoga restrições a combustíveis fósseis e ameaça espécies migratórias

Por Pedro Silvini - https://pedrosilvini.substack.com/
4 min de leitura
Secretário do Departamento do Interior dos EUA
Foto destaque: Doug Burgum em pronunciamento nos debates presidenciais (Reprodução/Evelyn Hockstein/Getty Images embed)

O Secretário do Interior dos Estados Unidos, Doug Burgum, assinou ontem (4) uma série de ordens que representam um retrocesso na proteção ambiental, impactando diretamente a Lei das Espécies Ameaçadas, a proteção de aves migratórias e a regulamentação de terras e águas federais.

As medidas, alinhadas à política energética do atual presidente Donald Trump, visam impulsionar a exploração de combustíveis fósseis e reduzir restrições ambientais. Entre as principais ações, estão a revogação de uma ordem de Joe Biden que impedia novas perfurações em áreas marítimas e a abertura de terras no Alasca para extração de recursos naturais.

“O dia de hoje marca o início de um capítulo emocionante para o Departamento do Interior”, afirmou o Secretário Doug Burgum.

“Estamos empenhados em trabalhar em colaboração para desbloquear todo o potencial da América no domínio da energia e no desenvolvimento económico para tornar a vida mais acessível a todas as famílias americanas, mostrando ao mundo o poder dos recursos naturais e da inovação da América. Juntos, vamos garantir que as nossas políticas refletem as necessidades das nossas comunidades, respeitam a soberania tribal e impulsionam a inovação que manterá os EUA na liderança energética e ambiental”

Doug Burgum

Exploração de combustíveis fósseis

Em seu primeiro dia no cargo, Burgum reuniu-se com líderes do Departamento do Interior e assinou seis ordens para acelerar a produção energética nos EUA.

As medidas seguem o lema energético de Trump, “drill, baby, drill” (perfurar, baby, perfurar), e têm como objetivo reverter a política ambiental dos democratas, descrita pelo ex-presidente como um “golpe verde”.


Discurso de Trump sobre planos para matriz energética (Vídeo: reprodução/Youtube/WFAA)

Além da expansão das perfurações, Burgum também pretende enfraquecer a proteção de terras públicas, reavaliando a extensão de monumentos nacionais como Bears Ears e Grand Staircase-Escalante, localizados em Utah.

Criados durante os governos de Bill Clinton e Barack Obama, esses monumentos foram reduzidos por Trump e posteriormente restaurados por Biden. A possibilidade de novos cortes tem sido criticada por tribos indígenas e ambientalistas, que consideram essas áreas essenciais para a biodiversidade e o patrimônio cultural.

Impacto ambiental

As ordens de Burgum incluem a revogação de regulamentações cruciais para a proteção de espécies ameaçadas, além da flexibilização de regras que restringem atividades de mineração e extração de petróleo em regiões sensíveis.


Junco de olhos escuros, uma das centenas de espécies de aves protegidas pela lei (Foto: reprodução/Emily Norton/Getty Images embed)


Outro ponto alarmante é a redução das proteções para aves migratórias, cujas populações já enfrentam declínio acentuado devido às mudanças climáticas, destruição de habitats e doenças. De acordo com dados federais, a América do Norte perdeu cerca de 3 bilhões de aves desde 1970, e muitas das 1.093 espécies protegidas pelo Tratado de Aves Migratórias estão em risco.

Com milhões de hectares sob sua administração, o Departamento do Interior tem um papel vital na preservação do meio ambiente. Porém, as novas diretrizes reforçam a postura da administração Trump de priorizar o desenvolvimento econômico em detrimento da conservação.

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Jornalista em formação pela Universidade de Taubaté (UNITAU), colunista de conteúdo social e opinativo. Apaixonado por cinema, música, literatura e cultura, enxerga essas áreas como ferramentas poderosas para entender o mundo e criar conexões entre diferentes perspectivas.
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