Dados do sistema de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Deter, divulgados nesta sexta-feira (06), mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia passaram de 1 mil km² em abril.
“Esta é a primeira vez na história do sistema Deter-B, do Inpe, que os alertas mensais de desmatamento ultrapassam 1 mil km² no mês de abril“, alerta o Observatório do Clima, rede de organizações e entidades especializada no monitoramento de temas do meio ambiente no Brasil.
Em 2016 esses dados chegaram a 440 km², no ano seguinte caiu para 147 km². A partir de 2020, os números só foram subindo, chegando a 407 km². E entre o ano de 2021 e 2022, estes números duplicaram.
- 2016: 440 km²
- 2017: 127 km²
- 2018: 490 km²
- 2019: 247 km²
- 2020: 407 km²
- 2021: 580 km²
- 2022: 1.012 km²
Segundo o Observatório, o cenário é grave visto que abril ainda é um mês de chuvas na Amazônia. Especialistas também relatam que são grandes as chances de no período entre 2021 e 2022 a Amazônia superar os 15 mil km² de destruição até julho.
A atual situação vai na contramão das metas e compromissos assumidos pelo Brasil durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26). Entre os objetivos estava acabar com o desmatamento ilegal antes de 2030.
Localidades com maior impacto no mês de abril
Os estados com maior área sob alertas de desmatamento foram Amazonas com 346.89 km², Pará com 241.92 km², Mato Grosso com 286.68 km² e Rondônia com 107.86 km².
Entre esses estados, os municípios com maior área sob alerta de desmatamento foram:
- Lábrea/AM: 107.05 km²
- Altamira/PA: 94.02 km²
- Apuí/AM: 86.62 km²
- Colniza/MT: 74.58 km²
- Novo Progresso/PA: 67.07 km²
- Itaituba/PA: 42.02 km²
- Porto Velho/RO: 41.55 km²
- Manicore/AM: 39.47 km²
- Humaitá/AM: 32.53 km²
- São Felix do Xingu/PA: 30.71 km²
Imagem aérea de Lábrea/AM. Reprodução: Portal Amazônia
Temporada de desmatamento intensa
O Observatório do Clima aponta que, no acumulado do ano, os alertas já chegam a 5.070 km², 5% a mais do que na temporada passada e segundo maior número da série histórica. Perdendo apenas para o recorde de 5.680 km2 batido pelo próprio governo Bolsonaro em 2020.
“As causas desse recorde têm nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro. O ecocida-em-chefe do Brasil triunfou em transformar a Amazônia num território sem lei, e o desmatamento será o que os grileiros quiserem que seja. O próximo presidente terá uma dificuldade extrema de reverter esse quadro, porque o crime nunca esteve tão à vontade na região como agora”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Foto em destaque: Foto aérea da Amazônia Reprodução: Daniel Beltrá/Greenpeace