A mulher, que prefere não ser identificada, passou 17 anos em cárcere privado com seus dois filhos e tinha o carcereiro como companheiro.
Após ser resgatada aos 40 anos com sua filha de 22 anos e seu filho de 20, e ter tido seu primeiro natal livre, a mulher revelou o desejo que tem de ir à praia. Em sua lista de desejos para 2023, a mulher pede por coisas das quais sempre lhe foram negadas a vida toda como tomar banho de mar com os filhos e conseguir coloca-los na escola.
“Eu nunca fui à praia. Nem eu, nem meus filhos. Quando eu era adolescente, eu não saía da comunidade (na Zona Oeste). Minha família não deixava. Só saí para pagode, porque era pertinho de casa e uma prima ia comigo. Agora eu gostaria muito de conhecer o mar com meus filhos. Só vi o mar pela TV”, conta a mulher.
Para sair com os filhos, é necessária a ajuda de outros adultos, uma vez que as deficiências que têm, faz com que eles se coloquem em risco. A moça de 22 anos e o rapaz de 20 tem a mentalidade e aparência de crianças. O tempo que passaram encarcerados fez com que, por instinto, tivessem o reflexo de correr quando livres, principalmente no mais novo que, quando preso, comia comida do chão e biba detergente da pia.
Em 18 de novembro, após completar 41 anos, a família fez uma surpresa para a mulher a fim de comemorar também o reencontro e a casa nova em que mora agora. Na casa em que agora ela tem uma churrasqueira e um pequeno quintal com uma piscina de plástico, colocaram sua música favorita para tocar.
“Colocaram a música do É o Tchan pra eu dançar. Fiquei tão feliz! Não tinha ideia se eu ainda sabia dançar. Agora falta conhecer o mar”, relatou ela sorrindo.
Outro desejo a ser realizado por ela é ver os filhos na escola. Apesar da dificuldade em encontrar uma escola que aceite pessoas com mais de 20 anos e nessas condições, ela não perdeu as esperanças. “É meu sonho vê-los estudar. Eu também quero voltar. Quero terminar meu segundo grau e fazer vestibular para enfermagem, para saber cuidar melhor dos meus filhos. Também quero aprender a mexer no computador. Eu não perdi as esperanças ainda”, afirmou.
O ex-companheiro dela, Luiz Antonio Santos Silva, responsável por manter a família presa por 17 anos, está preso aguardando julgamento. Ele mantinha a mulher e os filhos presos em situações precárias e alegou ter feito isso porque os filhos são deficientes e ele queria protege-los. Após uma denúncia anônima neste ano, a polícia encontrou a família no local. Os filhos estavam desnutridos e pesavam cerca de 20 quilos cada um.
Imagem do local onde a família era mantida em cárcere. (Foto: Reprodução/ Extra Online)
A mulher relembra que Luiz Antonio amarrava as crianças na cama na hora de dormir e os machucava. Caso ela tentasse afrouxar os nós, ele batia em todos eles com frio de cobre, pedaços de pau ou socos.
Ela também era obrigada a manter relações sexuais com ele contra a própria vontade, caracterizado como estupro. Apesar das várias tentativas falhas de fuga, ela conseguiu salvar a família ao fazer um buraco na parede e jogar um papel pedindo socorro no quintal da vizinha.
Foto destaque: Mulher e filhos resgatados do cárcere. Foto: Reprodução/ Extra Online.