De acordo com dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e registrados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira (20), só no ano de 2022 mais de 50% de casos de racismo e homofobia ocorreram no Brasil.
Ao todo, foram 2.458 ocorrências de crimes resultantes do preconceito de raça ou de cor em 2022, correspondendo a uma taxa de 1,7 caso por cada 100 mil habitantes. Por sua vez, as ocorrências de homofobia ou transfobia foram de 488 no mesmo ano, representando um aumento de 54% em relação ao ano de 2021, que registrou 316 casos.
Manifestantes fazem protesto contra racismo frente a supermercado em Santos (SP). (Foto: reprodução/G1)
As regiões que mais sofrem os crimes
Oito estados brasileiros deixaram de informar os casos referentes à especificação do crime de racismo por homofobia. Foram eles: Amapá, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Outra situação que a pesquisa revelou diz respeito ao fato de que, alguns estados, mesmo disponibilizando os dados, não fizeram registro de nenhum caso em 2022, indicando dessa forma, uma subnotificação.
Segundo a FBSP, as correções realizadas nos registros de injúria racial e racismo em relação a 2021 podem comprometer a confiança das informações apresentadas. Uma lista de ações planejadas pelo governo a fim de lidar com o aumento de crimes violentos, a exemplo do estupro, casos de estelionato e racismo, foi publicada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em rede social, nesta quinta-feira (20).
Números sobre os homicídios
No tocante à população LGBTQI a mais, na soma dos estados que divulgaram os dados, as agressões contra esse público cresceram em 13% entre 2021 e 2022. Ao todo, foram 2.324 registros de lesões corporais em 2022, contra 2.050 ocorrências registradas no ano anterior. Estados como Acre, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo não disponibilizaram informações.
O número de homicídios contra a população LGBTQIA a mais caiu de 176 em 2021 para 163 em 2022. Os pesquisadores dizem que há subnotificação nos casos. Para o pesquisador Dennis Pacheco, “seguimos com altíssima subnotificação. Como de costume, o estado demonstra-se não incapaz, porque possui capacidade administrativa e recursos humanos para tanto, mas desinteressado em endereçar e solucionar”, enfatiza. Sobre os crimes de racismo e injúria racial, ainda que com pouca disponibilização de dados, Pacheco diz que o grande aumento nas taxas demonstra demanda em maior escala por acesso ao direito de não discriminação.
Foto Destaque: bandeira com cores do arco-iris, simbolo LGBTQI+. Reprodução/G1