Chico Buarque de Holanda ganhou o Prêmio Camões, um dos mais importantes prêmios de literatura em língua portuguesa, ainda em 2019. Porém, o então presidente Jair Bolsonaro recusou-se a assinar a documentação na época: “Em 31 de dezembro de 2026 eu assino”.
A recusa acabou por fazer o aclamado cantor adiar o recebimento do certificado e do prêmio de 100 mil euros – porém, ao finalmente receber a honraria nesta segunda-feira (24), Chico Buarque pareceu feliz pelo ex-presidente não fazer parte da conquista: “Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula.”
Na época, o cantor já tinha comemorado a não-assinatura de Bolsonaro, afirmando que era como um “segundo Camões” para ele. E, finalmente recebendo neste ano, Chico Buarque discursou sobre a vitória, em evento que ocorreu em Sintra, Portugal, e que contou com a presença de autoridades do Brasil e de Portugal, como os presidentes Lula e Marcelo Rebelo, e os Ministros da Cultura Margareth Menezes e Pedro Adão e Silva. “Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, disse ele.
Chico Buarque recebendo o prêmio. (Reuters/Rodrigo Antunes)
Chico também falou sobre o governo que impediu o recebimento do prédio, frisando que “foi derrotado nas urnas mas a ameaça persiste”. Lula também discursou e citou o governo anterior: “Esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos sabemos por quê. (…) Esse prêmio é uma resposta do talento contra a censura, do engenho contra a força bruta.”
O Premio Camões é um prêmio literário dado anualmente em conjunto pelos governos de Brasil e Portugal, sendo um projeto para fortalecer os laços entre países lusófonos, nomeado em homenagem ao escritor português Luis de Camões. Chico Buarque se junta a Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Antonio Candido, entre outros Brasileiros que ganharam o prêmio. Manuel Frias Martins, presidente do júri que escolhe o vencedor, comentou sobre a entrega: “Talvez a entrega peque por tardia, mas não por imerecida”.
Foto destaque/ Reprodução: Chico Buarque recebe Prêmio Camões depois de quatro anos de atraso