Cientistas brasileiros pedem que Alemanha devolva fóssil ao Brasil

Camilla Oliveira Por Camilla Oliveira
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Pesquisadores brasileiros e europeus publicaram, nesta sexta-feira (28), uma carta que pressiona a Alemanha a devolver o fóssil intitulado de ‘Irritator’, que permanece no país desde 1990, quando foi contrabandeado do Brasil. O modelo é considerado o crânio mais completo entre os fósseis dessa espécie. Cientistas incidem que a Alemanha considere as implicações para um país que visa a preservação do seu patrimônio cultural. 

Revolta na comunidade de pesquisadores brasileiros

Na carta, os cientistas pedem que haja uma investigação profunda da proveniência do fóssil em território alemão, pois desde 1942 todo e qualquer fóssil encontrado em território brasileiro pertence à União e não pode ser comercializado, os termos são assegurados pelo Decreto-Lei 4.146 de 1942.

“O caso do Irritator indica que não enfrentamos casos isolados, mas as consequências de um padrão sistêmico. Portanto, consideramos imperativo que o ministério [alemão] efetue uma revisão sistemática da proveniência e da aquisição legal dos fósseis brasileiros nas coleções do Estado, também à luz da legislação brasileira”, afirma um trecho da carta.

O caso causou irritabilidade na comunidade cientifica brasileira pois as condições de obtenção do fóssil do dinossauro não foram esclarecidas pelos pesquisadores alemães.

O fóssil ‘Irritator’ é um crânio em perfeito estado da espécie de dinossauro ‘Irritator challengeri’ e é considerado o mais completo e preservado entre os fósseis desse tipo. Desde 1996, o fóssil é considerado holótipo, isto é, é utilizado para fundamentar uma base de descrição da espécie, ou seja, é de suma importância a devolução para pesquisas mais aprofundadas.

Com o crânio, foi possível determinar que a espécie ‘Irritator challengeri’ não consumia apenas animais menores, outros dinossauros também faziam parte da sua cadeia alimentar.

O nome ‘Irritator’ se determinou através da palavra ‘irritante’, isso porque quando contrabandeado, o fóssil não estava em completo estado e os contrabandistas utilizaram materiais para enxertar no crânio para que parecesse mais completo.

O Ministério Público Federal está apurando o caso e ainda não há previsão de devolução do fóssil ao território brasileiro.


Imagem ilustrativa da espécie ‘Irritator challengeri’. (Reprodução/RevistaGalileu)


‘Irritator challengeri’

De porte médio, o Irritator era um dinossauro da espécie de espinossaurídeo, e viveu há cerca de 110 milhões de anos, onde, hoje fica o Brasil, em regiões próximas à Chapada de Araripe, no Ceará.

Sua alimentação consistia em peixes e animais menores, além de algumas espécies de dinossauros, como os pterossauros. O Irritator possuía um crânio alongado e achatado, com as narinas posicionadas atrás da cabeça, além de dentes pontiagudos e espaçados entre si.

Foto destaque: fóssil de dinossauro ‘Irritator’, contrabandeado do país em 1990. Reprodução/G1

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