Em aprestos para as eleições nacionais deste ano, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vem chamando atenção para a forma como vem lidando com sua pré-candidatura. Anteriormente um ferrenho opositor do antigo governador paulista Geraldo Alckmin, o petista vem se aproximando do velho conhecido com intuito de formar sua chapa para o corrente ano.
Dadas as circunstâncias políticas do país, que vive em ondas de polarização endurecidas pela questão pandêmica, é certo que Lula, se quiser fazer sua chamada “frente ampla” contra Bolsonaro, deverá apostar na multipolaridade. O que chama atenção nesse compromisso diplomático é o retorno de Alckmin para a proposta, aparentando o ex-tucano, agora sem partido, estar muito interessado nessa nova empresa.
Reunião de Alckmin e Lula em São Paulo (Foto: Reprodução/Valor Econômico – Globo)
Segundo a revista EXAME, o pacote oferecido a Alckmin inclui o Ministério da Agricultura, que talvez responda aos anseios do político de não ser um “vice decorativo”. Tal anseio faz referência à carta em caráter admonitório dirigida por Michel Temer a Dilma Rousseff em dezembro de 2015, pouco tempo antes da deposição de sua superior.
Muitos setores da esquerda parecem, no entanto, apreensivos com esse interesse, temendo que velhos problemas retornem – o que não parece incomodar Lula. Ademais, o ex-presidente diz que o “vice tem de ajudar a governar”, adiantando que talvez seja muito mais rígido com o novo companheiro.
Há ainda quem queira, na campanha, atrair para a nova chapa o ex-prefeito Gilberto Kassab, que pertence ao PSD. A EXAME diz ainda que o “PSD, presidido por Kassab, pode ser uma alternativa para abrigar Alckmin, caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desista da pré-candidatura ao Palácio do Planalto”.
A estratégia petista repousa sobre a esperança de cooptar alguns “cabeças” do agronegócio, que tendem a apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) ainda diz, parafraseado pela revista:
“Ele atrai bastante porque tem uma história, foi governador de São Paulo, Estado com o maior PIB do país, e é dono de uma postura muito equilibrada. Com certeza, ele muda esse cenário”
Foto Destaque: Reprodução/Valor Econômico – O Globo