Entenda os riscos de navegar a mais de 3 mil metros de profundidade

Rafael Casemiro Por Rafael Casemiro
4 min de leitura

O desaparecimento do submarino de turismo Titan, da empresa OceanGate, levantou questões de o porquê explorar águas tão profundas do oceano é uma experiencia extremamente arriscada. A explicação não vem somente de um fator, mas sim por vários e suas combinações.

Águas escuras:

A luz do sol é absorvida pela água com muita eficácia, não conseguindo penetrar além de mil metros de profundidade. Abaixo desta profundidade, o oceano é completamente escuro em todas as horas do dia.

O Titan, submarino desaparecido, estava indo visitar os destroços do Titanic, que está repousado a 3 mil metros de profundidade. A região dos destroços do lendário navio de cruzeiro é conhecida como “Zona da meia-noite”.

Relatos de expedições anteriores descrevem uma descida de mais de duas horas em completa escuridão, até chegar nos destroços do navio.

O submersível Titan possuía poucas fontes de iluminação própria, tornando-se suscetível a ficar perdido no leito arenoso do oceano.


Tripulantes durante testes do Titan. Foto: Reprodução/ALAMY


Pressão esmagadora:

Quanto mais fundo um objeto trafega pelo oceano, maior a pressão que a água exerce sobre seu corpo.

Cada vez que a profundidade de um corpo aumenta 10 metros, a pressão sofrida por ele aumenta o equivalente a 1 atmosfera de pressão. Por exemplo, quando um mergulhador está a 20 metros de profundidade, a pressão que o homem sofre é equivalente a 3 atmosferas terrestres (2 atmosferas da água + 1 atmosfera da Terra).

No leito do oceano atlântico, a 3,8 mil metros de profundidade, a pressão é 390 vezes maior que a superfície.

Correntes profundas:

Assim como na superfície do oceano, as profundezas também sofrem com a influência das correntezas. Apesar de não possuir a mesma força das correntes superficiais, as correntes de profundezas podem causar movimentação de um grande volume de água.

Essas correntezas podem ser geradas por fortes ventos na superfície, por marés de água profunda e diferentes densidades na água.

Raros eventos conhecidos como tempestades bentônicas, também podem causar correntes repentinas e poderosas.

Os destroços do Titanic:

Com o impacto do Titanic no leito do oceano, parte dos destroços foram contorcidos e retorcidos. Ao longo dos muitos anos, micróbios que se alimentam de ferro formaram espécies de estalactites de ferrugem, o que aumenta o processo de deterioração.

Para se ter uma ideia, quando um mergulhador decide explorar um naufrágio que esteja em repouso por 50 anos, cuidados a mais devem ser tomados, como evitar contatos, caminhos apertados e evitar que as bolhas de sua respiração formem bolsões no casco do navio. Em um navio que está há mais de 100 anos submerso em condições inóspitas, os destroços do Titanic podem se tornar um perigo real para um submarino.

Somando estes quatro fatores perigosos, o resultado obtido é uma viagem possivelmente só de ida para o fundo do mar.

 

Foto destaque: Submarino Titan da empresa OceanGate. Reprodução: OceanGate

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