Fundação do câncer revela: vacinação pode evitar casos de HPV

Pedro Ramos Por Pedro Ramos
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Um estudo recente conduzido pela Fundação do Câncer, divulgado nesta terça-feira (5), trouxe à tona dados preocupantes sobre a incidência de câncer relacionado ao papilomavírus humano (HPV) no Brasil. A pesquisa aponta que a prevenção primária poderia evitar cerca de seis mil casos anualmente, revelando a urgência de medidas eficazes.

Os números tornam-se ainda mais alarmantes ao considerarmos que esses dados não incluem os 17 mil casos estimados anualmente de câncer do colo do útero, o tipo mais comum associado ao HPV. A prevenção efetiva não apenas reduziria a incidência, mas também poderia evitar aproximadamente 4,5 mil mortes por ano.

Pesquisa detalhada

A quarta edição da pesquisa, intitulada “O impacto do HPV em diferentes tipos de câncer no Brasil”, concentrou-se na análise de cinco tipos de câncer: orofaringe, ânus e canal anal, vagina, vulva e pênis. Os resultados revelam que a maioria dos pacientes chega às unidades de saúde em estágios avançados da doença, especialmente nos casos de câncer de orofaringe, destacando a necessidade de diagnósticos precoces.

Desafios na prevenção e tratamento


A vacina contra o HPV é a principal proteção contra cânceres de colo de útero (Foto: reprodução/Freepik)


O estudo aponta falhas significativas no tempo de espera para iniciar o tratamento após o diagnóstico. A maioria dos pacientes (88% dos homens e 84% das mulheres) chega aos hospitais com a doença já em estágio avançado, o que vai contra a legislação vigente. O diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, destaca a necessidade de revisão nos fluxos do sistema de saúde para acelerar a investigação e o encaminhamento para a terapêutica.

Perfil dos pacientes

Os dados observados indicam que, em geral, a maioria dos pacientes tem mais de 50 anos (78%), possui baixa escolaridade (64%) e é negra (56% dos homens e 53% das mulheres). A pesquisa ressalta que a prevenção, principalmente por meio da vacinação, não só salvaria vidas como também reduziria os custos associados à saúde pública.

Vacinação como ferramenta essencial

Apesar da disponibilidade gratuita da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/AIDS, transplantados e pacientes oncológicos, a pesquisa revela dificuldades na cobertura vacinal adequada. A consultora médica da Fundação do Câncer, Flávia Miranda, destaca a importância da conscientização e da remoção de barreiras de acesso para aumentar a cobertura vacinal.

O epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, sugere que os dados levantados podem orientar o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes para o controle dos tipos de câncer relacionados ao HPV. O desafio persiste, mas a conscientização, a prevenção e o acesso facilitado à vacinação emergem como pilares fundamentais na luta contra o câncer causado pelo HPV no Brasil.

 

Foto destaque: A vacina, do tipo quadrivalente, que protege contra quatro tipos de HPV, é disponibilizada de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (Reprodução/Freepik)

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