Nesta sexta-feira (25), a Heineken divulgou o fim da sua atividade na Rússia, com a conclusão da venda de suas operações no país ao Grupo Arnest, um fabricante russo, por somente um euro (US$1 ou R$ 5,27).
Estima-se que esse acordo com valor simbólico irá, na realidade, custar para a cervejaria holandesa um total de € 300 milhões (R$ 1,58 bilhão). Essas negociações encerram um processo que iniciou há mais de um ano, quando a empresa anunciou sua retirada do país, em 28 de março de 2022. Na época, a Heineken afirmou que estava chocada e triste ao “observar que a guerra na Ucrânia continua e está se intensificando”.
Faz cerca de um ano e meio que o conflito na Ucrânia iniciou, e nesse período, centenas de outras empresas ocidentais, similarmente, descontinuaram suas operações na Rússia.
Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. (Foto: Reprodução/Dimitrto Savastopol/Pixabay)
Pronunciamento do CEO
“Acontecimentos recentes demonstram os desafios significativos enfrentados pelas grandes indústrias para tentar sair da Rússia,” disse o CEO da Heineken, Dolf van den Brink. “Embora tenha demorado muito mais tempo do que esperávamos, esta transação garante a subsistência dos nossos funcionários e permite-nos sair do país de forma responsável”, acrescentou.
Pelos termos finais da negociação, o Grupo Arnest deve assumir responsabilidade por 1.800 funcionários da empresa no país, com garantia de mantê-los empregados pelos próximos três anos.
Garrafas da cervejaria holandesa Heineken (Foto: Reprodução/Daniel Becerril/REUTERS)
Saindo com prejuízo
Trata-se de uma entre várias ocorrências de multinacionais deixando a Rússia devido à invasão da Ucrânia. Nos últimos dezoito meses, apesar de esforços econômicos e políticos tornarem a saída mais cara e complexa, muitas empresas, ainda assim, suspenderam suas operações.
Por exemplo, há o caso do McDonald’s, que vendeu quase mil restaurantes locais, perdendo mais de US$ 1 bilhão com o ato. Sair do país, mesmo com prejuízo, parece ser uma manobra comum.
“Em primeiro lugar, não acreditamos que o estado russo ou as pessoas mais próximas dele tenham em mente os melhores interesses do nosso povo,” a Heineken afirmou, em comunicado. “Em segundo lugar, estávamos desconfortáveis com o fato de que o governo poderia se beneficiar da apropriação forçada de grandes ativos empresariais.”
Este é um caso com precedentes, desde a recente tomada das subsidiárias da fabricante de iogurte francesa, Danone, e da cervejaria dinamarquesa, Carlsberg, no país, em julho. Com Vladimir Putin as colocando sob “gestão temporária” do Estado, o espaço fica aberto para a apropriação forçada temida pela Heineken, o que ajuda a explicar essa venda das operações por apenas um euro.
Foto Destaque: Amostra de garrafas da Heineken. Reprodução/StockSnap/Pixabay