A capital Cartum se tornou novamente um campo de batalha violento nesta quinta-feira (04/05), quando os militares do Sudão tentavam expulsar o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) das áreas em volta do palácio presidencial e do quartel-general.
Os combates já se intensificam à mais de duas semanas desde o dia 15 de abril, enquanto cada uma das facções lutam pelo controle do território na capital abrindo mão de qualquer negociação, com todas as tentativas da mesma tendo falhado, com os líderes dos dois lados mostrando nenhum interesse de manter qualquer acordo de paz ou cessar-fogo.
Um cessar-fogo de sete dias previamente negociado foi violado, e cidades vizinhas de Omdurman e Bahri foram vítimas de pesados bombardeiros.
“Desde a noite de ontem e esta manhã, há ataques aéreos e sons de confrontos (…) Entramos em um estado de terror permanente porque as batalhas estão nos centros dos bairros residenciais. Não sabemos quando esse pesadelo e o medo vão acabar.” – disse Al-Sadiq Ahmed de 49 anos, um engenheiro de Cartum.
Na última quarta-feira (03/05), a ONU pressionou as facções beligerantes do Sudão para conseguir garantir uma passagem segura do comboio de ajuda humanitária. A ação veio em resultado depois que outro comboio com seis caminhões foram saqueados.
Capital em chamas no Sudão (Foto: Reprodução / R7)
O Exército e a RSF a dois anos, haviam unido forças em um golpe, que levou as facções a compartilharem o poder como parte de uma transição, internacionalmente apoiada e pelas eleições livres e governo civil, antes de se separarem durante a transição governamental.
No momento, o RSF acusa o Exército de violar o cessar-fogo, afirmando que o Exército, além de atacar suas forças, também atacou bairros residenciais com artilharia e aeronaves de “maneira covarde”. O Exército apenas diz ter matado combatentes da RSF e seus alvos eram veículos “pertencentes aos rebeldes” que foram destruídos após confronto na região militar de Bahri.
Martin Griffiths, chefe de ajuda da ONU, disse esperar ter reuniões em breve, pessoalmente, com as partes em guerra no Sudão nos próximos dois ou três dias, visando obter garantias para os comboios de ajuda que trazem suprimentos de socorro para civis e vítimas em meio do conflito.
Enquanto isso, as Nações Unidas emitiram um alerta de que o contínuo conflito entre combates entre as forças do Exército e a RSF estão no risco de resultar em uma catástrofe humanitária, que pode refletir em outros países.
Na última terça-feira (02/05), o Sudão informou que 550 pessoas morreram, 4.926 feridos foram contabilizados a meio dos confrontos, e em adição, a ONU informa que 100 mil pessoas fugiram do Sudão para os países vizinhos, sem comida ou água o suficiente.
Foto Destaque: Rua de Cartum (Reprodução / CNN Brasil)