Saiba por que mais de 100 botos morreram em água a 40º C na Amazônia

Nicollas Alcântara Por Nicollas Alcântara
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Na região de Tefé, no Médio Solimões, a morte de 110 animais, incluindo botos e tucuxis, representa aproximadamente 5% da população dessas espécies, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A causa das mortes permanece desconhecida, mas os cientistas suspeitam que as altas temperaturas das águas possam estar relacionadas.

 

Possíveis causas

A diminuição nos níveis dos rios na Amazônia tem afetado o abastecimento e o transporte na região, com a seca deste ano agravada pelo fenômeno climático El Niño. O aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região equatorial desencadeia perturbações nos padrões de circulação das correntes e massas de ar, com impactos em todo o mundo.

A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40º C até três metros de profundidade”, observa Miriam Marmontel, pesquisadora do Mamirauá.

Equipes de resgate estão cuidando dos cetáceos vivos, mantendo-os em uma piscina enquanto análises são realizadas para determinar a causa das mortes.

Se for um agente infeccioso, seria muito arriscado liberar os animais para o rio Solimões, pois terminaria infectando o resto da população. Aparentemente, é um evento isolado no Lago Tefé, e não há registro de algo semelhante acontecendo nas cidades do entorno”, enfatiza a pesquisadora.


Aquecimento das águas pode ser a causa da morte de 5% dos botos do lago Tefé. (Foto: reprodução/Miguel Monteiro/Instituto de Desenvolvimento Mamirauá)


Impactos

O diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi, ressalta que a seca também tem impactos na vida cotidiana das comunidades locais, como escolas fechando, restrições de acesso e aumento do custo de vida.

Escolas estão sendo fechadas, linhas de barcos deixam de funcionar, todos os produtos estão mais caros nas cidades e principalmente no interior e, neste ano, de forma muito atípica, estamos registrando a mortalidade de pescado e botos no Lago Tefé”, afirma.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está investigando as causas das mortes, enquanto especialistas alertam que eventos como esse podem se tornar mais comuns devido às mudanças climáticas globais e ao aquecimento global. Os animais desempenham um papel crucial como indicadores da qualidade da água e são os primeiros a serem afetados por mudanças no ambiente.

 

Foto destaque: Mais de 100 botos foram encontrados mortos no lago Tefé. Reprodução/Miguel Monteiro/Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

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