Grande parte da Rússia foi envolvida pelo clima polar ártico na terça-feira (05), resultando em uma queda brusca nas temperaturas nas áreas mais remotas da Sibéria, chegando a -58 graus Celsius. Ainda que nessas condições, com temperaturas abaixo de -50ºC, muitas pessoas estavam transitando pelas ruas como de costume, e comerciantes vendiam peixes sem a necessidade de refrigeração.
Imagens de drone da cidade de Yakutsk sob nuvem de massa polar (Foto: reprodução/Roman Kutukov/Reuters)
Frio extremo
Yakutsk, uma das cidades mais frias do planeta, localizada aproximadamente a 5 mil km a leste da capital russa Moscou, estava envolta por nuvens congeladas e forte neblina, conforme revelaram imagens capturadas por drones no último dia 05.
Danila, visitante local afirma “Vim especialmente a Yakutsk para vivenciar esse clima – então, estou com sorte, já que em dezembro não é comum ter esse tipo de tempo“, expressou o turista cuja barba, chapéu e cachecol estavam cobertos de gelo. Assim como as temperaturas extremas tornaram seu casaco muito mais rígido, a ponto de congelar, ao passo que seu telefone descarregou em poucos minutos. Dois conjuntos de luvas eram imprescindíveis, assim como várias camadas de roupas para suportar o frio intenso.
As baixas temperaturas em algumas regiões da República de Sakha, uma região extensa um pouco menor que a Índia, localizada no nordeste da Sibéria, caíram abaixo dos -55º Celsius durante a noite do dia 04.
Em Oymyakon, uma localidade em Sakha, a temperatura atingiu -58ºC na terça-feira. Os meteorologistas indicam que, devido à umidade e ao vento, a sensação térmica poderia chegar a -63ºC.
“Com as roupas certas de qualidade, está tudo bem. O importante é manter-se em movimento para garantir a circulação sanguínea“, enfatizou Pyotr, um morador local.
Aquecimento global
Nos últimos anos, temperaturas abaixo de -50°C têm se tornado menos frequentes devido às mudanças climáticas, e a camada de gelo polar está exibindo sinais cada vez mais evidentes de descongelamento.
A onda de frio chegou mais cedo neste ano. A região norte da Sibéria é uma das áreas mais impactadas com a nevasca intensa. As nevascas se formam quando a temperatura nas nuvens e próxima ao solo estão abaixo de 0ºC. Além disso, é necessário que haja vapor de água em quantidade suficiente para a formação de cristais de neve dentro das nuvens.
O aumento da temperatura do ar devido ao aquecimento global resulta no derretimento das geleiras e das calotas polares. De forma aparentemente paradoxal, a cobertura de neve em algumas áreas do norte da Eurásia aumentou nas últimas décadas. No entanto, a neve é uma forma de água; o aquecimento global aumenta a quantidade de umidade na atmosfera, o que consequentemente eleva a quantidade e a probabilidade de ocorrência de chuva e neve.
Foto destaque: moradora local com parte do rosto congelada devido às baixas temperaturas (Reprodução/Roman Kutukov/Reuters)
