De acordo com a delação premiada de Mauro Cid, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entrou em desespero ao ver a mudança sair do Palácio da Alvorada nos dias finais do mandato de Jair Bolsonaro.
Além disso, o ex-ajudante de ordens também afirmou que Michelle, em pânico, pediu que fosse tomada alguma medida diante da iminente saída de Bolsonaro do poder.
Ela falava pra gente fazer alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa
Disse Cid em depoimento à Polícia Federal.
Depoimento de Mauro Cid acerca do envolvimento de Michelle Bolsonaro (Reprodução/Youtube/UOL)
Menção de outras pessoas
Além de Michelle Bolsonaro, os nomes de Eduardo Bolsonaro, Magno Malta, Onyx Lorenzoni, Gilson Machado e o general Mário Fernandes foram apontados como agentes que tentaram fazer com que a posse presidencial não fosse transferida de Bolsonaro.
Cid disse que o último citado, o general Mário Fernandes, era o que mais pressionava generais e militares a realizarem o golpe de estado.
Ele ia falar com generais, falava com o comandante do Exército, Freire Gomes, tentando convencê-los. Ele era muito ostensivo, escrevia nos grupos de WhatsApp militar sobre isso
Mauro Cid
Além disso, ele também afirmou que a insistência para o golpe era tanta que Fernandes quase foi punido pelo alto comando do exército.
O ex-ministro do turismo, Gilson Machado, teria sido um dos principais nomes a incentivar Bolsonaro a deixar o Brasil antes da posse do presidente Lula. Para isso, ele teria vazado informações para a imprensa com o objetivo de pressioná-lo e criar um conflito dentro do núcleo interno de contatos de Bolsonaro.
Bolsonaro Indiciado
O ex-presidente é investigado por supostamente pedir a emissão de um cartão de vacina falso para ele e para a filha, Laura Bolsonaro. O indiciamento foi feito com base em uma outra delação de Mauro Cid.
A Polícia Federal também indiciou Jair Bolsonaro pela venda ilegal de joias recebidas pelo governo brasileiro do governo saudita. De acordo com a legislação brasileira, estas joias deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da união.
Segundo as investigações, os bens teriam sido comercializados nos Estados Unidos. Desta forma, quando o caso veio a público, alguns aliados de Bolsonaro teriam tentado recomprar as joias e devolvê-las ao governo brasileiro.
Os itens recebidos por Bolsonaro como presente incluem um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico.
Os dois casos se encontram em fase final de análise da Procuradoria Geral da República (PGR). O ex-presidente também é investigado por suspeita de envolvimento em uma trama golpista contra o estado democrático de direito. A Polícia Federal indiciou, em 2022, Bolsonaro e outras 39 pessoas no inquérito que investiga as conspirações.
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tornou, nesta quinta-feira (20), públicos os depoimentos da delação premiada de Mauro Cid. O tenente-coronel firmou um acordo com a Polícia Federal, em que revelou informações comprometedoras acerca de Bolsonaro e seu círculo próximo.