O projeto World, que tem por objetivo escanear a íris humana para registro e criação de identidade digital, será suspenso no Brasil temporariamente. O comunicado ocorreu nesta terça-feira (11), após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ter mantido a negativa dos pagamentos que ocorriam em troca do escaneamento da íris.
Parte da ação da empresa Tools for Humanity (TFH), o projeto World foi lançado nacionalmente em novembro do ano passado. A empresa nunca forneceu mais informações sobre o objetivo do escaneamento, muito menos sobre quaisquer protocolos de segurança; apenas que seria gerado uma identidade global para diferenciar os humanos de inteligências artificiais.
Como o escaneamento da íris funciona
É feito um cadastro através do aplicativo da World, no qual é indicado onde o procedimento acontecerá. No local, é apresentado um vídeo com informações rasas sobre o que será feito, sem explicar de fato o que será realizado, e o que será feito com esse dado tão único e precioso.
Após a apresentação, as pessoas se enfileiram para utilizar um dispositivo em formato de uma pequena esfera prateada, chamado Orb, que escaneia a íris e, a partir de sua imagem, gera um código criptografado único.
Em troca, a empresa fornece o pagamento em criptoativos, que não são liberados imediatamente e, quando trocados, não chegam a mil reais.
Bloqueio do projeto
No final de janeiro, mais de 400 mil brasileiros já haviam realizado esse processo inseguro e sem viés algum. A fim de proteger a população, a ANPD coibiu o programa de trocar dinheiro pelo escaneamento de íris, argumentando que a compensação financeira compromete a livre manifestação de vontade dos usuários.
Todavia, alguns dias depois, houve a suspensão da desautorização, para análise do recurso da THF. Durante a análise, a empresa prosseguiu com os pagamentos e as verificações no país.
Decisão da ANPD quanto ao escaneamento da íris
Nesta terça-feira, o Conselho Diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados publicou no Diário Oficial, que o recurso que a Tools for Humanity apresentou foi negado após averiguação. Desta forma, os pagamentos e registros permanecem suspensos.
Foi negado também o pedido do World de 45 dias para inserir mudanças no aplicativo, sendo solicitado pela autarquia que estas ações ocorram imediatamente após a intimação.
Postos permanecerão abertos
Por enquanto, a World atua apenas em São Paulo, onde seus mais de 50 postos permanecerão abertos, mas seu plano é de extensão para as demais cidades brasileiras. Em nota, a empresa informou que contribuirá com a determinação, educando e informando o público sobre o propósito do projeto.
A relatora do caso e diretora da ANPD, Miriam Wimmer, disse que o valor fornecido pela empresa faz com que a escolha dos usuários seja distorcida, pois teriam a tendência de ignorar os riscos envolvidos no processo.