Nesta quarta-feira (31), a revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) publicou resultados de uma pesquisa na qual comprovou a eficácia geral de 79,6% da nova vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
A taxa de eficácia é semelhante ao novo imunizante produzido em laboratório japonês, Qdenga, que recentemente entrou para a lista das vacinas que serão ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante japonês registrou 80,2% de eficácia nas pesquisas e será aplicado através de duas doses. Já no caso da vacina brasileira, nomeada como Butantan-DV, tem previsão de iniciar sua distribuição a partir de 2025 e sua aplicação será em dose única.
Pesquisa e desenvolvimento
Liderado por Ésper Kallás e Fernanda Castro Boulos, o novo imunizante brasileiro produzido pelo Instituto Butantan está em desenvolvimento há mais de 10 anos. Com participação de diversas instituições brasileiras e norte-americanas, a vacina é financiada pela farmacêutica alemã Merck, ao lado do Governo Federal e da Fapesp, órgão estadual de fomento à pesquisa do estado de São Paulo.
Atualmente, as pesquisas para conclusão da vacina estão em período de acompanhamento da terceira fase clínica, ou seja, os pesquisadores estão monitorando a evolução dos voluntários que tiveram contato com o imunizante. Ao todo, mais de 16 mil voluntários de 15 cidades brasileiras participaram desta fase três de testes, etapa na qual se iniciou em 2016 e foi finalizada em 2019. Dessa forma, a previsão é que todos os indivíduos completem cinco anos de acompanhamento neste ano e a etapa de monitoramento seja concluída.
As etapas anteriores da pesquisa mostraram resultados convincentes aos pesquisadores, durante a fase um de testes, por exemplo, o imunizante do Butantan mostrou que ele induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.
Já o teste clínico de fase dois, mostrou que a vacina induziu a produção de anticorpos e de células de defesa em pessoas com ou sem contato prévio com todos os sorotipos da dengue. Portanto, o novo imunizante brasileiro se mostrou altamente eficaz na proteção contra todos os tipos diferentes de vírus que a doença possui.
Resultados
Dentre os resultados obtidos através das três fases pelas quais a vacina brasileira passou, observou-se uma porcentagem superior de eficácia entre os indivíduos que já tinham tido dengue (89,2%), em relação aos voluntários que nunca tinham tido contato com o vírus (73,6%). Além disso, os estudos mostraram que a Butantan-DV tem eficácia maior no grupo de e adultos, entre 18 e 59 anos.
Ainda de acordo com as pesquisas, as reações adversas dos voluntários que tomaram o imunizante foram leves, 36,4% se queixaram de dores de cabeça, 22,5% apresentou vermelhidão corporal e 19,3% sentiu fraqueza muscular. Ao que tudo indica, ainda neste ano se encerrará o período de monitoramento da fase três. Assim, todos os resultados serão analisados por uma comissão independente e só então serão submetidos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).