Nesta sexta (20), uma polêmica vinda da época da pandemia chegou ao fim. O estudo feito pelo francês Didier Raoult, que indicou o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, como combate a COVID-19, foi despublicado pela revista Elsevier, que desmentiu o artigo com base em falhas metodológicas, dentre elas: grupos de pacientes muito pequenos, falta de grupo de controle, e assim por diante.
Revisão aponta falhas em pesquisa sobre tratamento da Covid-19
Ex-presidente Jair Bolsonaro falando sobre uso da cloroquina em combate a COVID-19 durante pandemia (reprodução/Sergio Lima/AFP/Getty Images Embed)
Após uma revisão rigorosa, foram identificadas falhas graves na metodologia e na análise de dados do artigo, publicado no início da pandemia, sendo na época amplamente citado para justificar a adoção dos medicamentos em diversos países, inclusive no Brasil, sob influência do então presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, a cloroquina enfrentou diversos dilemas e questionamentos sobre sua utilização por autoridades e profissionais de saúde, principalmente levando em conta a intenção da mesma ser priorizada no lugar da vacinação.
Desde então, foram feitos novos estudos realizados pela comunidade científica, nos quais demonstraram que essas substâncias, além de não apresentarem eficácia comprovada contra o vírus, poderiam ainda acarretar riscos à saúde dos pacientes, sobretudo cardiológicos.
Diante do escândalo, a Elsevier explicou, em nota justificativa:
“Foram levantadas preocupações” sobre o respeito da “ética de publicação” do editor da revista, “a condução apropriada de pesquisas envolvendo participantes humanos, bem como preocupações levantadas por três dos autores em relação à metodologia e conclusões”.
Autor do estudo foi proibido de exercer a medicina
Didier Raoult, autor de pesquisas envolvendo eficácia da Cloroquina contra o vírus da COVID (reprodução/Christophe Simon/AFP/Getty Images Embed)
O infectologista Didier Raoult, que na ocasião era chefe do Instituto de Infectologia do Hospital Universitário de Marselha, foi o grande responsável pela ascensão do estudo polêmico. Estando aposentado desde 2021, o médico de 72 anos havia recebido uma advertência no mesmo ano, por fazer críticas à vacinação contra o vírus e ao isolamento social, assim prejudicando o andamento no combate a pandemia, segundo o conselho profissional. Agora, devido à fraude cometida sendo apurada, o francês passa a ser completamente banido da atividade médica.