Hamas libera últimos reféns vivos e acordo de cessar-fogo marca virada na guerra

Em acordo histórico mediado por Trump, Hamas liberta últimos reféns israelenses e Israel solta quase 2 mil prisioneiros palestinos, selando trégua em Gaza

13 out, 2025
Reféns sendo liberados após acordo entre Israel e o grupo Hamas | Reprodução/Getty Images Embed/HAZEM BADER
Reféns sendo liberados após acordo entre Israel e o grupo Hamas | Reprodução/Getty Images Embed/HAZEM BADER

Em um dia histórico e simbólico, o grupo Hamas libertou nesta segunda-feira (13) os últimos 20 reféns israelenses vivos que estavam em cativeiro há mais de dois anos, como parte do acordo de cessar-fogo com Israel. Donald Trump, presente às negociações, definiu o momento como “o fim de uma era de mortes e terror”. Israel também iniciou a soltura de cerca de 1.968 prisioneiros palestinos, numa troca que reacende esperanças de estabilidade na Faixa de Gaza.

Os reféns, em sua maioria jovens homens, foram recebidos em Israel sob forte comoção. Multidões celebraram o retorno com abraços, lágrimas e agradecimentos enquanto o Presidente Trump discursava no Parlamento israelense. Ele recebeu aplausos por parte dos deputados e foi ovacionado ao afirmar que o Oriente Médio “entra em tempos de paz”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também declarou que a guerra passou e que Israel adentra uma nova fase. O cessar-fogo foi assinado em Sharm el-Sheikh, no Egito, durante cúpula que reuniu mais de 20 líderes mundiais.

Troca de prisioneiros do Hamas e impacto humanitário

Simultaneamente à libertação dos reféns, cerca de 1.968 prisioneiros palestinos foram soltos por Israel. Esses prisioneiros chegaram à Faixa de Gaza e à Cisjordânia em ônibus sob forte escolta, onde foram recebidos por milhares de pessoas.

A tensão no conflito entre Israel e Hamas deixou mais de 67 mil palestinos mortos e provocou um desastre humanitário na região — com deslocamentos em massa e infraestrutura destruída. Com os acordos em curso, espera-se que o fluxo de ajuda humanitária para Gaza aumente significativamente. Trump afirmou que Hamas teria autorização temporária para realizar operações de segurança interna em Gaza, com o objetivo de evitar o vácuo de poder e conter saques e caos nas ruas.

Desafios para uma paz duradoura

Embora o cessar-fogo pareça colocar fim aos confrontos mais intensos, muitos pontos do acordo ainda carecem de definição. O plano negociado propõe que o Hamas devolva armas, que Israel retire tropas progressivamente e que seja criado um conselho para supervisionar Gaza no pós-guerra — none desses elementos foi confirmado plenamente até o momento.

Hamas, por sua vez, declarou ter recebido garantias de mediadores internacionais para retomar certa autoridade de segurança local, cumprindo parte de seu próprio papel no governo local, apesar de ainda resistir ao desarmamento total.


Plantão da TV Globo anuncia a liberação dos reféns do Hamas durante a madrugada (Vídeo: reprodução/X/@forumeplay)

Críticos alertam que o acordo parece tratar apenas da “primeira fase” de uma paz instável. A troca de reféns e prisioneiros é um passo simbólico, mas as disputas sobre arrecadação, reconstrução, controle territorial e governança de Gaza ainda são batalhas que permanecem abertas.

Apesar da celebração pública e do simbolismo da libertação, analistas avaliam que o acordo representa mais uma trégua tática do que o início de uma paz duradoura. A presença de Donald Trump como mediador reacendeu debates sobre o papel dos Estados Unidos no Oriente Médio — e sobre o quanto o novo pacto favorece politicamente tanto Washington quanto Tel Aviv.

Fontes diplomáticas ligadas à ONU afirmam que a reconstrução de Gaza ainda enfrenta obstáculos logísticos e políticos. Israel exige supervisão internacional rigorosa para entrada de recursos, enquanto o Hamas tenta garantir espaço político interno, resistindo à perda de autoridade. A União Europeia e o Egito pressionam por um corredor humanitário permanente, mas temem que as disputas internas entre facções palestinas atrasem o processo.

Em Tel Aviv, o clima é de cautela. Mesmo com o retorno dos reféns, parte da população teme que o cessar-fogo seja apenas uma pausa temporária antes de novos bombardeios. Em Gaza, a população celebra o fim imediato da violência, mas vive sob ruínas e escassez — com energia racionada, hospitais colapsados e milhares de desabrigados.

Mais do que um tratado, o acordo marca o início de uma disputa silenciosa por controle e legitimidade. Se a libertação dos reféns encerra um capítulo da guerra, o próximo — o da reconstrução e da governança — pode ser ainda mais decisivo para o futuro do Oriente Médio.

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