Milhares de pessoas protestaram neste sábado (22), em Paris e em outras cidades da França, contra o racismo e a ascensão da extrema-direita. Segundo o Ministério do Interior, foram contabilizados cerca de 91 mil manifestantes que agitaram bandeiras da Palestina e cartazes contra o governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
As manifestações acontecem no contexto da guinada para a direita na política francesa. Os protestos ocorreram como uma resposta às promessas do governo em endurecer as políticas migratórias e aumentar o controle nas fronteiras.
Protestos nas diferentes cidades da França
Em Paris, capital do país, foram registradas 21 mil pessoas e as manifestações resultaram em momentos de confronto entre manifestantes e agentes das forças de segurança.
Em Marselha, cidade da região da Provence, no sul da França, a polícia divulgou que o número de pessoas nas manifestações era de 3.300, enquanto que o sindicato CGT contabilizou 10 mil manifestantes. No norte, a cidade de Lille, de acordo com a polícia, contou com 2.600 pessoas nos protestos.
Extrema-direita na Europa e nos EUA
A maior parte dos manifestantes destacou a tendência de discursos e práticas de políticas reacionárias na Europa e nos Estados Unidos. Muitos cartazes denunciavam a islamofobia promovida pelo Estado e apontavam a proximidade da política americana e francesa com o fascismo.
Aurélie Trouvé, deputada do partido de esquerda França Insubmissa (LFI na sigla em francês) apontou para o crescimento e adesão do discurso de extrema-direita pela popularidade do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN na sigla em francês), da líder da direita radical francesa Marine Le Pen.
Além da França, países como Portugal, Espanha e Alemanha, que possuem um histórico de atuação social e ideologia humanista, também se encontram no contexto de maior adesão da extrema-direita. De acordo com o jornalista Jamil Chade, a onda da extrema-direita na Europa reflete uma “crise existencial” no continente, decorrente da crise financeira de 2008.