Na véspera de uma greve geral de 24 horas, marcada para a meia-noite desta quinta-feira (10), milhares de argentinos tomaram as ruas em protesto contra as políticas de ajuste fiscal do presidente Javier Milei. A manifestação, realizada em frente ao Congresso Nacional, reuniu sindicatos, aposentados, movimentos sociais e as três principais centrais sindicais do país: CGT, CTA-A e CTA-T.
Entre as principais reivindicações dos manifestantes estão a defesa por sindicatos livres, melhorias nas pensões e aposentadorias, atualização de bônus sociais e aumento nos orçamentos de saúde e educação.
“Vim para defender os direitos dos aposentados e porque estou farto deste governo”, afirmou Carlos Salas, de 63 anos, funcionário público presente no ato, que teve clima tenso com o uso de bombas de efeito moral, além de instrumentos musicais.
Greve geral e serviços paralisados
Desde sua posse, essa é a terceira greve geral enfrentada pelo governo de Milei, revelando o aumento da insatisfação social com a política do presidente. Nas últimas semanas, o país enfrentou dezenas de milhares de demissões e já soma 15 meses consecutivos de queda no consumo.
A paralisação atinge diversos setores essenciais, como transporte público, trens, metrôs e táxis. O transporte aéreo funciona apenas parcialmente, com menos da metade da capacidade. Educação e serviços públicos, como correios e coleta de lixo, também aderiram à greve.
Economia em tensão e apoio popular
O governo argentino aguarda um empréstimo de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 121 bilhões) do Fundo Monetário Internacional (FMI) para sustentar seu plano econômico. A expectativa é antecipar pelo menos 40% desse valor, numa tentativa de conter a tensão cambial que levou o Banco Central a vender mais de US$ 1,8 bilhão (R$ 11 bilhões) de reservas nas últimas semanas.
Apesar da insatisfação popular, Javier Milei mantém um índice de apoio que varia entre 40% e 45%, principalmente por conseguir reduzir a inflação de 211% em 2023 para 118% no acumulado recente. Isso também contribuiu para a diminuição da taxa de pobreza, que teve altos índices no início de seu governo.
Escândalo e viajem internacional
No entanto, a liderança de Milei enfrenta certo desgaste após o escândalo chamado “criptogate”. O presidente promoveu uma criptomoeda em sua rede social X (antigo Twitter), cuja cotação desvalorizou logo em seguida. O caso está sendo investigado pelo Congresso argentino e pela justiça dos Estados Unidos.
Enquanto o país se encontrava em protesto, Milei estava em viagem ao Paraguai, onde se reuniu com o presidente Santiago Peña. Durante o encontro, defendeu a “liberdade econômica” como um valor essencial impulsionado por ambos os países.