Nicolás Maduro rejeita acusações de narcotráfico e convoca ONU contra ações dos EUA

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, negou as acusações dos Estados Unidos de que seria traficante de drogas. Em uma carta divulgada neste domingo (21), ele pediu diálogo ao presidente Donald Trump. O documento, datado de 6 de setembro, foi enviado poucos dias depois dos EUA enviarem oito navios de guerra para perto da costa venezuelana e realizarem o primeiro de vários ataques contra barcos que, segundo Washington, levavam drogas. Esse primeiro ataque deixou 11 mortos.

Maduro nega acusações e Venezuela aciona a ONU

Maduro disse que as acusações de envolvimento com o narcotráfico são “absolutamente falsas”. Segundo ele, trata-se da “pior das fake news já inventadas contra a Venezuela, usada para justificar um possível conflito armado que traria consequências graves para todo o continente. Na carta, ele ainda convida Donald Trump a manter a paz por meio do diálogo e do entendimento em todo o hemisfério.

Na sexta-feira (19), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, pediu que a ONU investigasse o que chamou de “crimes contra a Humanidade” cometidos pelos Estados Unidos no Caribe, após o disparo de mísseis contra lanchas que Washington afirma estarem ligadas ao tráfico de drogas.


Soldados venezuelanos ensinando civis a usarem armas (Vídeo: reprodução/X/@hoje_no)

Segundo Saab, “o uso de mísseis e armas pesadas para matar pescadores indefesos em uma pequena lancha” deve ser investigado pela ONU como crime contra a humanidade.

O chanceler Yván Gil também declarou que a Venezuela solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que exija o fim imediato das ações militares dos EUA no Mar do Caribe. Ele afirmou ainda que até as próprias autoridades americanas admitem que houve assassinatos extrajudiciais de civis, com o objetivo de espalhar medo entre os pescadores e a população. Para Gil, é fundamental que a soberania da Venezuela e de toda a região do Caribe seja respeitada.

Escalada de tensões após envio de tropas americanas ao Caribe

Em agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o envio de forças navais para a região Caribenha, alegando que a missão era combater cartéis de drogas no local. A decisão acendeu alertas na Venezuela, onde Nicolás Maduro é acusado de chefiar o chamado Cartel dos Sóis, grupo supostamente ligado a militares do país. Os EUA chegaram a oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares por informações que levassem à captura de Maduro, mas o governo venezuelano nega qualquer envolvimento dele ou de seus comandantes com o narcotráfico.


Lugares onde os Estados Unidos estão posicionados no Mar do Caribe (Foto: reprodução/X/@Geopol21)

Desde então, os Estados Unidos já destruíram pelo menos quatro barcos acusados de ligação com o tráfico. Em um dos ataques, no início do mês, 11 pessoas morreram, o que levantou dúvidas sobre a legalidade dessas ações, inclusive entre parlamentares que fazem oposição a Donald Trump. A Casa Branca, porém, nega ter planos para derrubar Nicolás Maduro.

Na Venezuela, o governo colocou as Forças Armadas em estado de alerta e lançou uma campanha para que a população se una a milícias voluntárias. Segundo o Palácio de Miraflores, milhões já aderiram. Além disso, nos últimos dias foram convocados exercícios de treinamento com armas de fogo e táticas de combate. No sábado, essas atividades ocorreram em mais de 300 quartéis espalhados pelo país.