Família de Padilha é alvo de represália dos EUA

O governo dos Estados Unidos cancelou os vistos da esposa e da filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha — atualmente no cargo — por informações que teriam tornado ambas inelegíveis, segundo comunicado do Consulado Geral dos EUA em São Paulo. A medida também atingiu funcionários ligados ao programa “Mais Médicos”. O próprio Padilha não foi afetado, pois seu visto já estava vencido há meses.

Contexto e impacto sobre o programa “Mais Médicos”

O cancelamento dos vistos ocorreu nesta sexta-feira (15) e foi interpretado como mais um ataque contra aliados do governo atual. Além disso, agentes e ex-agentes do programa “Mais Médicos” também tiveram seus vistos cancelados nessa nova onda de sanções diplomáticas do governo Trump. O programa “Mais Médicos”, criado em 2013 durante o governo Dilma Rousseff, contou com apoio cubano e visava suprir a carência de profissionais de saúde nas periferias e no interior do Brasil. Padilha ressaltou que o programa continua salvando vidas e disse que não se curvará a essas sanções.

Expansão de sanções e lobby de Eduardo Bolsonaro nos EUA

Esse movimento faz parte de um pacote mais amplo de restrições que se intensificou nos últimos meses. A administração Trump já revogou vistos de magistrados do STF e aliados por sua atuação no julgamento de Jair Bolsonaro, além de aplicar tarifas comerciais sobre produtos brasileiros. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, reside nos Estados Unidos desde março e tem atuado para pressionar por sanções contra autoridades brasileiras envolvidas no processo contra seu pai, além de pleitear intervenções políticas do governo americano.


Eduardo Bolsonaro em evento com aliados do governo Donald Trump nos EUA (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images embed)


Repercussão nacional e reação do governo brasileiro

A medida gerou forte reação no Brasil. Parlamentares do PT criticaram o cancelamento dos vistos como “covardia”, destacando a injustiça especialmente por atingir uma criança. O presidente Lula, durante evento em Pernambuco, defendeu o programa Mais Médicos e fez críticas ao bloqueio contra Cuba, ressaltando a solidariedade brasileira frente à decisão americana.

Reflexos da Medida

A revogação dos vistos dirigidos a familiares de Padilha e ligados ao programa Mais Médicos reflete uma escalada da diplomacia punitiva dos EUA, que se manifesta também por meio de tarifas e sanções a figuras envolvidas no julgamento de Bolsonaro. Em paralelo, Eduardo Bolsonaro intensifica seu lobby em Washington, buscando transformar a crise jurídica de seu pai em uma guerra política internacional. A ação americana, no entanto, reforça o clima de tensão e aprofunda divisões diplomáticas entre os dois países.