O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou na noite desta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma tentativa de golpe de Estado para reverter a derrota nas eleições de 2022 contra Luiz Inácio Lula da Silva. A acusação foi formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma denúncia de 272 páginas.
Segundo a PGR, Bolsonaro comandou “uma organização criminosa baseada num projeto autoritário de poder”. A denúncia detalha cronologicamente as etapas da suposta trama golpista e inclui 33 acusados, entre eles ministros do governo Bolsonaro e militares.
Na declaração enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Gonet, diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava ciente e concordou com a trama para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes.
Denúncia e investigações
Entre os denunciados está Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, que já foi preso por obstrução das investigações. Nunca antes um general de quatro estrelas havia sido detido no Brasil.
Bolsonaro já havia sido julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela PGR por abuso de poder político, o que resultou na inelegibilidade do ex-presidente por seis anos.
A Procuradoria aponta que o plano golpista começou a ser articulado em 2021, após a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que permitiu a candidatura em 2022. Mesmo após a vitória de Lula, aliados de Bolsonaro seguiram questionando a legitimidade do pleito e incentivando manifestações em frente a quartéis pedindo intervenção militar.
A denúncia também indica que Bolsonaro participou da formulação de minutas golpistas, documentos que foram apreendidos e usados como provas. Além disso, ele teria conhecimento do chamado “Plano Punhal Verde Amarelo”, que, segundo a PGR, visava assassinar Lula, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Defesa de Bolsonaro
A defesa de Bolsonaro manifestou pelas redes sociais “indignação e estarrecimento” com a denúncia da PGR, negando qualquer envolvimento do ex-presidente em uma tentativa de golpe. Em nota, o advogado afirmaram que Bolsonaro “nunca compactuou com qualquer ato contra a ordem democrática”.
Em áudios enviados a funcionários do governo, Ex-secretário Executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Mauro Cid, comentou uma sobre uma conversa com o ex-presidente para o grupo agir até 31 de dezembro de 2022, mostrando que Bolsonaro teria conhecimento dos planos.