Nesta quinta-feira (8), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de uma operação da Polícia Federal, e teve o seu passaporte confiscado para garantir que não iria sair do país durante as investigações atuais.
O documento se encontrava no seu escritório em Brasília, na sede do Partido Liberal (PL) – cujo presidente, Valdemar Costa Neto, foi preso nesta manhã por porte ilegal de arma de fogo – e teve a certidão de entrega já emitida, o que o advogado do ex-presidente, Paulo Bueno, já confirmou. A Operação Tempus Veritatis, deflagrada, foi embasada pelo ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
No total, a Polícia Federal hoje deve cumprir 33 mandatos de busca e apreensão, em dez diferentes estados, além do Distrito Federal. Investiga-se uma tentativa coordenada de golpe de Estado, que buscava manter Bolsonaro no poder com ajuda de militares e prender alvos-chave da oposição, como os ministros Gilmar Mendes e Alexandre do STF, e até Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.
Passaporte confiscado
Em maio de 2022, mais de metade da população temia a tentativa de invalidar as eleições, segundo a Datafolha (Foto: reprodução/AFP/André Borges)
“Estou tentando entender, parece que é um novo inquérito,” afirmou Bolsonaro, sobre os mandatos de busca e apreensões, à Folha.
O pedido em específico para a captura do seu passaporte em Brasília se baseia em um precedente histórico. Ao final do ano de 2022, o ex-presidente já demonstrou, ao viajar à Florida por três meses com o intuito de não passar a faixa para o novo presidente Lula (PT), algo que a PF e o STF consideram como um precedente de que o mesmo poderia ocorrer durante as investigações.
Como medida cautelar, além das confiscações de passaportes, os vários alvos da operação estão proibidos de estabelecer contato com outros alvos. Até o momento, já foram presos dois ex-assessores de Bolsonaro: Filipe Martins e Marcelo Câmara.
Alvos da Operação
Os principais alvos de busca divulgados atualmente são alguns militares que parecem estar envolvidas no planejamento golpista, seja por interferência com o processo de voto nas urnas eletrônicas, ou conspiração:
- General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- General Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa;
- General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha.
Além destes, são notáveis figuras políticas atualmente investigadas o ex-ministro Anderson Torres, o ex-assessor Tercio Arnoud Thomaz, o coronel reformado Ailton Barros, e o já mencionado presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que já foi preso.
Ainda existem dois mandatos de prisão cuja conclusão ainda não foi divulgada, sobre o coronel Bernardo Romão Correa Neto, e o major Rafael Martins de Oliveira. A operação já havia sido planejada há meses pelo STF em colaboração com a Polícia Federal, e deve ter seus resultados anunciados em breve.