Rússia nega atrasos nas negociações de paz, mas intensifica ataques à Ucrânia

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou nesta terça-feira (1) que a Rússia esteja retardando negociações de paz em relação à guerra na Ucrânia. A declaração foi uma resposta direta à crítica do enviado especial de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para a Ucrânia, que havia acusado Moscou de estagnar os avanços diplomáticos.

“Ninguém está atrasando nada aqui”, afirmou Peskov aos jornalistas, reforçando que a Rússia “é naturalmente favorável a alcançar os objetivos da operação militar especial por meios políticos e diplomáticos”.

Apesar do discurso conciliador, a realidade nos campos de batalha contradiz a fala do Kremlin. Na madrugada de domingo (29), a Ucrânia sofreu o maior ataque aéreo desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Segundo a Força Aérea da Ucrânia, mais de 500 armas aéreas foram lançadas contra o país em poucas horas — incluindo 477 drones e iscas, além de 60 mísseis. Embora a maioria tenha sido interceptada, os danos causados marcam uma escalada agressiva no conflito.

Discurso de paz, ações de guerra

Peskov disse ainda que Moscou é grata à equipe de Trump pelos esforços de mediação e que não tem interesse em prolongar o conflito. No entanto, enquanto o Kremlin insiste na retórica da paz, a Rússia continua bombardeando alvos em território ucraniano diariamente, inclusive áreas civis.


Soldados testam drone militar na região pró-Rússia de Donetsk (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


A seção de direitos humanos da ONU divulgou, na segunda-feira (30), um relatório alarmante: as vítimas civis e as violações de direitos humanos aumentaram significativamente nos últimos meses, com destaque para os ataques com drones, que vêm se tornando cada vez mais letais. “A escalada é clara”, afirmou o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), que monitora o conflito.

Paz distante

A guerra, que completa três anos em 2025, parece longe de um fim. As falas do Kremlin contrastam com os dados divulgados por agências internacionais e com a intensidade dos ataques em solo ucraniano.

Embora a Rússia afirme que busca a resolução por vias diplomáticas, a realidade sugere um cenário oposto: um conflito cada vez mais violento, com consequências trágicas para a população civil de ambos os países.