Zema volta a defender Bolsonaro e critica decisão do STF após violação de tornozeleira
Governador questiona relatório da PF sobre risco de fuga e mobilização de apoiadores e afirma que decisão do STF simboliza “rigor seletivo”
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro após a conversão da prisão domiciliar em preventiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi tomada após a violação da tornozeleira eletrônica usada pelo ex-mandatário.
Para Zema, o episódio revela uma “situação extrema” vivida por Bolsonaro e sinaliza, em suas palavras, um cenário de perseguição política. O governador argumentou que a tentativa de retirar parte do equipamento com um objeto metálico poderia estar ligada a uma alteração emocional provocada por medicamentos, o que, no seu entendimento, caracterizaria um comportamento atípico e não uma tentativa consciente de fuga.
O diz a polícia federal e a decisão do STF
A Polícia Federal, ao solicitar a conversão da prisão domiciliar em preventiva, afirmou que Jair Bolsonaro teria convocado apoiadores para se mobilizarem em frente à sua residência, o que foi interpretado como uma tentativa de gerar pressão externa sobre as autoridades e criar um ambiente de instabilidade institucional.
Além disso, o relatório apontou risco de fuga após a violação da tornozeleira eletrônica, destacando que o equipamento apresentava sinais de manipulação com objeto metálico, fator decisivo para o endurecimento da medida. Para os investigadores, a soma desses elementos justificava a necessidade de prisão preventiva para evitar obstrução do trabalho policial e garantir o comprimento das determinações judiciais.
Vídeo: Bolsonaro aparece na portaria da PF, onde está preso, após visita de Michelle. https://t.co/SXv3zTHVAG #g1 pic.twitter.com/Z8jeLmcSh6
— g1 (@g1) November 23, 2025
Bolsonaro recebeu a visita de seu esposa Michelle Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@g1)
Zema, entretanto, discordou da avaliação e classificou o rigor como desproporcional, afirmando que casos semelhantes recebem respostas mais brandas. Segundo ele, a decisão reforça sua percepção de seletividade judicial e contribui para o que chama de “enfraquecimento da democracia”.
Impactos políticos e possíveis reflexos em 2026
Zema também buscou contextualizar suas declarações dentro do cenário político mais amplo. Segundo ele, apesar da crise envolvendo Bolsonaro, os governadores alinhados à direita continuarão a articular seus projetos e devem desempenhar papel importante nas eleições de 2026.
O governador defendeu que a pluralidade de nomes no campo conservador será positiva, permitindo que o eleitorado tenha alternativas caso o desgaste jurídico e político de Bolsonaro se intensifique. Seus aliados interpretam essa fala como uma tentativa de reorganizar a direita sem romper completamente com o ex-presidente, mantendo a narrativa de injustiça enquanto prepara o terreno para novos nomes.
🇧🇷 Tarcísio de Freitas rejeita vice da família Bolsonaro, pois acha que perderia votos, e defende que seu vice ideal seria Romeu Zema (OGlobo). pic.twitter.com/YvMLmGfYEW
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) November 25, 2025
Com possível candidatura a presidência, Tarcísio defende Zema de vice (Foto: reprodução/X/@eleiçãoempauta)
A repercussão das falas ocorre em um contexto institucional já marcado por tensões. A prisão de um ex-presidente por descumprimento de medida cautelar e a acusação de incitação a mobilizações externas acentuam debates sobre a relação entre Judiciário e política.
Possíveis desdobramentos para o caso
Para apoiadores de Bolsonaro, a conversão da prisão reforça a tese de perseguição. Para analistas, o episódio evidencia uma estratégia deliberada de confronto com o STF e amplia a polarização política. O caso tem potencial para influenciar a dinâmica eleitoral de 2026 ao afetar alianças, discursos e a capacidade de reorganização do campo conservador.
Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro poderá apresentar novos recursos ao STF na tentativa de reverter a decisão e restabelecer a prisão domiciliar. Para Zema, contudo, mais do que um caso jurídico isolado, o episódio simboliza uma crise institucional profunda, na qual decisões judiciais, disputas políticas e tensões sociais se entrelaçam em um momento decisivo para o futuro democrático do país.
