Nesta última quinta-feira (31), a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) anunciou um feito significativo no qual o Brasil atingiu um marco histórico ao alcançar o índice de 19 doadores por milhão de habitantes. Essa cifra nunca antes havia sido alcançada no país. A ambição da associação é elevar esse número para 20 doadores por milhão de habitantes até o término deste ano.
A Associação também divulgou que no primeiro semestre de 2023, foram realizados ao todo 4.247 transplantes, sendo o rim o órgão mais transplantado, atrás o fígado com 1.103 e o coração com 208 transplantes.
Ano histórico
Para efeito de comparação, o recorde anual de transplantes cardíacos ocorreu em 2017 e 2019, atingindo 380 procedimentos em cada um desses anos.
No intervalo compreendido entre janeiro e junho deste ano, o Brasil assinalou a presença de 6.790 possíveis doadores, dos quais 1.930 se tornaram doadores efetivos. Estes últimos constituem os indivíduos que passaram por todos os exames de confirmação de morte cerebral, bem como pelos testes de elegibilidade para doação (abarcando análises imunológicas e sorológicas), e que também obtiveram consentimento de suas famílias.
Segundo Fernando Atik, integrante da liderança da ABTO, durante os momentos mais críticos da pandemia, observou-se uma redução de 25% nas contribuições. Entretanto, as estimativas para as doações em 2023 indicam a possibilidade de este ano vir a testemunhar a mais expressiva cifra de transplantes já registrada na trajetória da medicina.
Embora tenha ocorrido uma diminuição durante o período pandêmico, é evidente uma inclinação positiva na disposição para efetuar doações. Durante o ano passado, contabilizaram-se aproximadamente 3.520 doadores efetivos, porém ainda abaixo do quantitativo de 2019. Neste último domingo (27), o apresentador Fausto Silva recebeu a doação de um novo coração devido ao quadro de insuficiência cardíaca.
Fausto Silva foi um dos 416 corações transplantados em 2023. (Foto: reprodução/Instagram @faustaosilvaoficial)
Lista de espera
Conforme a ABTO a parcela predominante dos doadores de órgãos consiste em indivíduos que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC), com predominância de doadores do sexo masculino situados na faixa etária entre 50 e 64 anos.
“A trajetória da lista de espera aponta para um aumento, visto que não há mais um critério etário para ingressar nela. Desde que o paciente esteja clinicamente apto para o transplante, sua inclusão ocorre, seguida de uma fase de expectativa pela disponibilidade do órgão. A otimização dos cuidados médicos poderá, contudo, impactar essa estatística de modo positivo. É de suma importância destacar a redução do número de pessoas que falecem enquanto aguardam a doação de órgãos“, destaca José Osmar Medina, integrante da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
Atualmente, o Brasil registra um contingente de 57.343 indivíduos aguardando a realização de um transplante. Deste total, mais de 31.000 pessoas estão na espera por um rim, 303 por um coração, 146 por um pulmão e 23.729 almejam a oportunidade de um transplante de córnea, aproximadamente.
Foto destaque: Transplante de coração pode bater recorde em 2023. Reprodução/Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi