O uso da aspirina pode piorar a taxa de insuficiência cardíaca entre pessoas de risco

Ana Modesto Por Ana Modesto
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O trabalho realizado por pesquisadores da Alemanha e da Bélgica publicado nesta última quarta-feira (24), na revista da Sociedade Europeia de Cardiologia, decretou que entre as pessoas usuárias da aspirina de forma contínua, há um aumento em 26% na chance das pessoas na faixa de risco adquirirem uma insuficiência cardíaca, além de ser comprovado sua ineficiente. Este já é considerado o maior estudo realizado que envolve o uso da aspirina (ácido acetilsalicílico) e suas possíveis consequências cardíacas.

Este projeto é uma análise de Homepage que observa de perto casos clínicos e através disso reuni dados do acompanhamento dessas pessoas com problemas cardíacos. Dentre todos os dados coletados, 46 mil pessoas eram dos EUA e da Europa. Atualmente, os autores do estudo, criaram um subgrupo de pesquisados com 30 mil pessoas usuárias da aspirina que podem adquirir insuficiência cardíaca devido a sua utilização.  

“Este é o primeiro estudo a relatar que, entre os indivíduos com pelo menos um fator de risco para insuficiência cardíaca, aqueles que tomam Aspirina têm mais probabilidade de desenvolver a doença posteriormente do que aqueles que não usam a medicação”, explicou Blerim Mujaj, um dos pesquisadores do projeto e o professor da Universidade de Freiburg, na Alemanha.

Segundo o estudo, o uso contínuo do tabagismo, a diabetes, a obesidade, o colesterol alto, a hipertensão e as doenças cardiovasculares podem aumentar também os riscos conjuntamente com a dosagem da aspirina.


Aspirina já era dada a pacientes que sofreram pequeno derrame. Reprodução/Think Stock/BBC


A pesquisa foi realizada durante 5 anos numa população com faixa etária média de 67 anos e predominância masculina. O projeto foi liderado por médicos da Universidade de Leuven, na Bélgica. Entre os pesquisados, um, quatro deles alegavam tomar aspirina todos os dias e ao final do estudo, aproximadamente mil e trezentos estavam necessitando de hospitalização devido a insuficiência cardíaca.

“O uso de aspirina foi associado com um risco aumentado de insuficiência cardíaca em pacientes recebendo aspirina com ou sem histórico prévio de doença cardiovascular. Na ausência de evidências conclusivas em ensaios clínicos, nossas observações sugerem que a aspirina deva ser prescrita com cautela a pacientes sob risco de insuficiência cardíaca ou que já apresentem esse quadro”, declaram os cientistas em um artigo no periódico ESC Heart Failure.

Apesar do projeto, esta temática ainda é muito problemática no cenário científico e acadêmico, com muitos resultados conflitantes. O fato da contagem dos usuários do medicamento ser autodeclaratória também não alcançou na confiança total entre os outros pesquisadores e leitores da revista, porém, seu alto número de dados causa maior alarme que pesquisas anteriores.

“Grandes ensaios clínicos multinacionais randomizados em adultos com risco de insuficiência cardíaca são necessários para verificar esses resultados. Até então, nossas observações sugerem que a aspirina deve ser prescrita com cautela para aqueles com insuficiência cardíaca ou com fatores de risco para a doença”, explica Mujaj.

No Brasil, existe uma grande cultura de automedicação em casos de doenças consideradas pequenas, o que torna o cenário no país ainda mais preocupante. Além disso, o projeto não é certo quanto ao uso contínuo em pacientes que não estão comprovadas, mas que quando feitas em alguns pacientes fora da área de risco, apresentaram resultados mais positivos, o que acontece de forma contrária em pessoas que estão na faixa de risco.

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Este não é o primeiro estudo ou aviso para os riscos de saúde associado ao uso constante da aspirina em pessoas na faixa de risco. Em outubro deste ano, especialistas dos Estados Unidos pediram a todas as pessoas com problemas cardíacos ou propensos que evitem o seu tratamento com a aspirina. Se possível, o substitua.

Foto Destaque: Novo estudo aponta para os riscos de consumir aspirina diariamente. Reprodução/Knaupe/istock

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