Pesquisa brasileira revela que amostras de sangue podem ajudar a monitorar epidemias

Sergio Gelio Por Sergio Gelio
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Uma pesquisa realizada no Brasil mostrou que é possível calcular a população previamente infectada (soroprevalência) por COVID-19 com o uso de amostras de sangue. Segundo os cientistas, o método possibilita que outros tipos de doenças sejam rastreadas e que se calcule a imunidade coletiva.

Foram analisadas 97.950 amostras de sangue vindas de oito capitais brasileiras (Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Manaus, Fortaleza e Curitiba). O período analisado na pesquisa foi de março de 2020 até março de 2021. Os cientistas do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde) chegaram à conclusão de que a epidemia de COVID-19 no Brasil foi heterogênea. Atingiu públicos diferentes em momentos distintos. Os primeiros foram homens e jovens.

“No início, algumas linhas de investigação achavam que todos se infectavam ao mesmo tempo, mas mostramos que isso não é verdade. Em termos de retrato da epidemia concluímos que houve uma heterogeneidade extrema no Brasil, com diferenças de infecção por grupos e uma variação extensiva da taxa de letalidade. Esse era um resultado que não esperávamos”, informou à CNN Brasil o pesquisador Carlos Augusto Prete Junior, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do artigo.


Foto: Doação de sangue. Reprodução/Davidyson Damasceno/Agência Brasília


Os cálculos de soroprevalência costumam ser feitos utilizando amostras aleatórias da população. É um processo mais caro e mais complicado. Isso é importante para analisar a epidemia e criar políticas públicas na intenção de controlar um vírus.

O estudo foi parte do doutorado de Prete Junior, orientado pelo professor Vitor Heloiz Nascimento, da Poli. A co-orientadora é Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e responsável pelo Cadde no Brasil. Cientistas do Imperial College London e da Universidade de Oxford, do Reino Unido, participaram da pesquisa.

Ester e Vitor também são autores do trabalho, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do Cadde e da bolsa concedida a Prete Junior. A pesquisa contou com financiamento do Instituto Todos pela Saúde e foi publicada na revista científica eLife.

 

Foto destaque: Amostra de sangue. Reprodução/Depositphoto

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