O Ministério da Saúde lançou uma campanha para vacinação contra a poliomielite, iniciativa que vai até o dia 9 de setembro, motivada pela queda drástica na taxa de imunização contra a doença. Para garantir que a poliomielite permaneça erradicada do país, ao menos 95% das crianças devem estar imunizadas. Desde 2015, o índice de vacinação está abaixo desta margem, que atualmente é de 69%, confirmando um dos piores cenários já registrados.
Em maio de 2022, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) incluiu o Brasil como um país de alto risco de reintrodução da poliomielite. O infectologista pediátrico Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), diz que “estamos empatados com Haiti e Venezuela, e compartilhamos com esses países os pilares que facilitam a volta da doença”.
A estratégia de monitorar a circulação do vírus no ambiente e investigar adequadamente os casos de paralisia infantil, fez com que o poliovírus fosse detectado recentemente por dois países, Israel e Estados unidos, onde há muito tempo o vírus não era visto em circulação. No Brasil, além da baixa cobertura vacinal, não se usa estratégias para monitorar e investigar a presença do vírus.
Foto: Vacina contra a poliomielite (Reprodução/Adriana Toffeti/Ato Press)
No Oriente Médio, uma criança com paralisia foi diagnosticada com poliomielite em abril deste ano. Outras seis crianças, assintomáticas e sem contato direto com a primeira, também foram infectadas. Em julho, na cidade de Nova York, além de um homem ter contraído poliomielite também foi detectado a presença do vírus nos esgotos da cidade norte-americana.
“Isso sugere que ele está se espalhando silenciosamente na comunidade, e o caso detectado pode ser apenas a ponta de um iceberg”, comentou a epidemiologista Denise Garret, vice-presidente da SBIm.
Há duas vacinas usadas mundialmente contra a poliomielite: Sabin e Salk. A primeira é atenuada e mais barata, usada principalmente em países que estão em desenvolvimento. A segunda, é injetável e fabricada com o uso do vírus inativado.
No Brasil, ela está disponível no SUS, depois de três doses inativadas aplicadas no primeiro ano de vida. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a vacina Sabin seja progressivamente substituída pela Salk.
Diante da situação atual, é importante tomar a vacina, seja ela atenuada ou inativada. “Com a queda acentuada na cobertura, a possibilidade de uma cepa vacinal se reverter e causar doença é preocupante. Isso sem falar na possibilidade de reintrodução do vírus selvagem, que ainda circula em dois países”, alerta Denise.
Foto destaque: Vacinação contra a poliomielite (Prefeitura de Uberaba/Divulgação)