Variante Delta da COVID-19 avança no Brasil, mas a Gama preocupa as autoridades de saúde

Miriam Rosa Por Miriam Rosa
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O início da disseminação da variante Delta do coronavírus está sendo mais rápido do que foi o da variante Gama (a cepa P.1, identificada inicialmente em Manaus) nos primeiros meses de contágio. Enquanto a Gama dobrou sua participação do segundo para o terceiro mês de presença (de 11,5% para 23,6% dos casos entre janeiro e dezembro), a Delta multiplicou sua cota por nove em período similar (de 2,3% para 21,5% entre junho e julho), segundo dados da Rede Genômica Fiocruz.

A variante Delta é a grande preocupação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e de pelo menos 25 países do mundo, onde a cepa já é predominante entre os infectados pela covid-19. No Brasil, o número de casos de doentes com o vírus que surgiu na Índia não para de crescer. Porém, a Gama, variante que apareceu pela primeira vez no Amazonas, continua sendo predominante no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, a variante Delta já foi identificada em 97 pessoas, de oito estados e do Distrito Federalm, oito mortes confirmadas. O site World in Data, ligado à Universidade de Oxford, do Reino Unido, aponta que nas últimas duas semanas, 93,55% dos sequenciamentos genéticos feitos no Brasil foram da Delta.


Foto reprodução:istoedinheiro.com.br


Mesmo com números significativos, o infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), ressalta que o número de análises feitas é baixo e pode não refletir a realidade da pandemia.

Os pesquisadores ainda não conseguem prever se a Delta conseguirá se sobrepor à amazônica.  “Eu, como virologista, e alguns dos meus colegas, nos preocupamos muito mais com a Gama que é muito transmissível; 98% dos casos novos no Brasil são Gama. Acho meio imprevisível que a Delta vai se sobrepor à Gama. Isso ninguém tem elementos para falar”, afirma o virologista José Eduardo Levi, professor do Instituto de Medicina Tropical da USP.

O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), acrescenta: “Não tem como prever se a Delta vai se disseminar, é uma competição. A cepa chega ao Brasil, tem que ter pessoas suscetíveis. Não sabemos se pessoas que já pegaram a Gama tem alguma proteção, não tem estudo sobre isso. Não tem como prever se ela vai se tornar predominante e quando ela vai se tornar predominante”, observa ele.

A Delta é considerada mais transmissível entre as mutações que surgiram a partir do SARS-CoV-2. Cerca de 3,4 milhões novos casos de covid-19 foram identificados na semana de 12 a 18 de julho e a OMS alertou, na última quarta-feira (21), que ela deve se tornar predominante no mundo nos próximos meses.


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A velocidade na vacinação também preocupa, independentemente da variante. “Diferentemente de outros países, onde as pessoas estão se infectando porque não querem se vacinar, no Brasil, a Delta vai pegar gente que não foi vacinada porque não deu tempo. Mas, a minha percepção é que essas pessoas estão se infectando pela Gama”, alerta Levi.

O Ministério da Saúde divulgou que no mês de agosto distribuirá 63,3 milhões de doses de imunizantes. O ritmo da vacinação em contraponto com a disputa entre as variantes e a disseminação da Delta será determinante para o caminho que a pandemia seguirá no Brasil.

(Foto em destaque:A ‘guerra biológica’ entre as variantes/créditos:valor.globo.com)

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