Moschino provoca ao incluir utensílios domésticos em coleção

A Moschino apresentou sua coleção primavera/verão 2026 durante a Semana de Moda de Milão e mais uma vez apostou em sua estética irreverente. Intitulado Niente (“nada”, em tradução livre), o desfile trouxe bolsas e acessórios em formatos inusitados, como panelas e objetos domésticos, reforçando a tradição da marca em transformar itens cotidianos em símbolos de moda e arte. A proposta, inspirada em movimentos artísticos italianos, acabou também reacendendo discussões sobre estigmas de gênero ao destacar elementos associados ao ambiente doméstico em uma coleção feminina.

Arte Povera inspira nova narrativa da marca

O diretor criativo Adrian Appiolaza buscou referências no movimento Arte Povera, que surgiu na Itália no fim da década de 1960. A corrente questionava a valorização comercial da arte por meio da utilização de materiais simples e cotidianos, como tijolos, areia e utensílios básicos. Foi nesse contexto que a Moschino estruturou sua proposta: transformar objetos comuns em acessórios de luxo.


Desfile Moschino (Foto: reprodução/Instagram/@trendtopica_)

As bolsas em formato de panela e outros elementos remetem a esse conceito de “arte humilde”, conectando a passarela ao cotidiano de forma provocativa. A estética reforça a assinatura da grife, que há décadas utiliza o humor e a ironia para dialogar com a moda e a sociedade.

Entre a provocação e o clichê

Ainda que o desfile se encaixe no espírito criativo e questionador da Moschino, a predominância de objetos domésticos como inspiração chamou a atenção por sua associação a estigmas históricos de gênero. Como a coleção foi apresentada por modelos mulheres, alguns críticos apontaram que a proposta pode ressoar como um clichê.


Desfile Moschino (Foto: reprodução/Instagram/@dazedfashion)

A grife, no entanto, mantém seu posicionamento provocador, buscando tensionar os limites entre moda, arte e crítica social. Ao revisitar um movimento artístico marcado pela contestação, a Moschino reafirma sua identidade e abre espaço para novas reflexões sobre o papel da moda como espelho de debates culturais contemporâneos.


Moschino utiliza upcycling e cores neutras para a coleção de verão 2026

Na última quinta-feira (25), a Moschino apresentou a sua coleção de verão 2026 na Semana de Moda de Milão, a nova coleção se chama “Collezione 06” e é assinada pelo argentino Adrian Appiolaza, que está seguindo o legado de Franco Moschino.

Arte Povera e Upcycling

Para a nova coleção, Adrian explorou o movimento artístico italiano do final dos anos 60 “Arte Povera”, que visava o uso de materiais do cotidiano para criar peças de arte, realizando também uma reciclagem e uma arte sustentável. Esse conceito, na moda, foi traduzido para upcycling. 

Nas passarelas de Milão, foi possível ver que itens menos “prestigiados” foram utilizados para dar vida a algumas peças, como cordas, sacos de batata, caixa de encomenda e até panelas de cozinha entraram no jogo. Para além de objetos do dia a dia incorporados nas peças, o argentino incorporou peças de roupas menos prestigiadas também, como macacões, casacos de retalhos, sapatos volumosos que poderiam ser confundidos com espanadores ou até mesmo pelúcias, e saias e vestidos que eram feitos de outras camisetas coladas. 


Modelo usa camisa branca com uma cadeira de plástico azul impressa e um chapéu com pedaços de madeira (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Assim como as bolsas, os chapeus e outros acessórios também foram de objetos inesperados para a moda, mas comum no dia a dia. Além dos objetos físicos, eles foram representados nas roupas, com ardonos, impressões nas camisetas, costuras e outros. A maquiageem das modelos contrapunha as peças, sendo mauqiagens com cores vibrantes e glitter, diferente das peças usadas na passarela.


Modelo usa bandeija de tomates como bolsa (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Ainda na nova coleção, Appiolaza usou clássicos da Moschino, como camisetas com smiley, efeitos de trompe l’oeil (ilusão de ótica que dá impressão que uma superfície plana tem profundidade) e ternos cartunescos brancos. Todos esses elementos foram  utilizados com foco em cores mais neutras, diferente as coleções anteriores conhecidas da Moschino, como tons de marrom, preto e branco.

Peso do legado

Appiolaza sempre traz temas como sustentabilidade para as suas coleções e definiu a coleção de verão 2026 como algo que abraça imperfeição, diferente da coleção anterior que era sobre precisão na visão de Adrian. O novo desfile trouxe repercussão sobre o legado que o argentino está carregando, onde a Moschino de Franco foi algo revolucionário e de fácil identificação apenas com um olhar, com cores vibrantes, protestos persistentes e com uma visao única do italiano.


Modelo usa camiseta com smiley, símbolo caracteristico da Moshcino (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Mesmo seguindo o seu estilo sustentável, o qual é a sua assinatura e forma de expressão, a nova coleção de Adrian Appiolaza não agradou a muito. Isso se dá pela diferença gritante da coleção atual com o legado ainda existente de Franco Moschino, que sempre trouxe a polêmica e a revolução de forma afiada para as passarelas, o que vai de contraponto ao argentino.

Nova Moschino resgata humor irônico e se reinventa na moda

A Semana de Moda de Milão para o Verão de 2025 trouxe uma Moschino de cara nova e sob a nova direção criativa de Adrian Appiolaza. Conhecida por sua irreverência e peças que refletem o humor e a cultura pop, a marca agora busca encontrar um novo equilíbrio entre o lúdico e o sério. Ainda que Jeremy Scott tenha marcado profundamente o DNA recente da grife, Adrian parece mais focado em resgatar a essência do fundador Franco Moschino, especialmente na virada dos anos 80 para os 90, sem abandonar completamente o toque divertido que caracteriza a marca.

Tubino ou não Tubino, eis a questão

A frase estampada em uma das peças do desfile, “Tubino or not Tubino”, faz uma clara alusão à famosa citação de Hamlet, de Shakespeare. No entanto, a desconstrução do clássico vestido tubinho é feita com um toque de ironia e leveza, típicos de Moschino. Este tipo de brincadeira com referências culturais foi bastante comum na época de Franco Moschino, e agora retorna como uma marca registrada sob a nova direção.


Uma modelo desfila durante o desfile da coleção Moschino na Semana de Moda Feminina Primavera/Verão 2025 de Milão, em 19 de setembro de 2024 em Milão. (Foto: reprodução/MARCO BERTORELLO/AFP /Getty Images Embed)


A coleção: Biker Jackets, franjas e pérolas

O uso de biker jackets sobre vestidos volumosos, lençóis transformados em peças de vestuário, além de acessórios inusitados como bolsas em formato de bule ou produtos de limpeza, trazem à tona a característica principal da marca: questionar os padrões do que é considerado “alta moda” com sarcasmo. O uso de pérolas, franjas e maxi camisetas em profusão remete à estética exagerada dos anos 80, mas com uma interpretação contemporânea.


Uma modelo desfila na passarela do desfile de moda Moschino durante a coleção feminina primavera/verão 2025 de Milão. (Foto: reprodução/ Justin Shin/Getty Images Embed)


Uma Moschino que quer ser levada a sério

Apesar do tom leve e das referências bem-humoradas, a coleção também parece indicar que a nova Moschino está em busca de uma imagem mais equilibrada. Adrian Appiolaza consegue inserir doses de ironia, mas sem exagerar, em busca de um amadurecimento estilístico. No geral, a coleção de verão 2025 da Moschino parece não querer arrancar gargalhadas como no passado recente, mas ainda assim preserva a essência lúdica da marca.

Matéria por Alexia Gabriela (Lorena – R7)

Moschino apresenta a primeira coleção e campanha de Adrian Appiolaza

A Moschino entra em uma nova era, a renomada marca do grupo de moda italiano Aeffe apresenta ao público sua nova identidade visual, criada por Adrian Appiolaza, que assumiu a direção criativa no início do ano.

O estilista argentino lançou sua primeira campanha para a marca na quarta-feira, 17 de julho.

No mesmo dia, sua primeira coleção para o outono-inverno 2024/25, intitulada “coleção 0”, chegou às lojas, após ter sido apresentada em Milão em fevereiro.


Primeira campanha de de Adrian Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Uma nova era para Moschino: Um recomeço criativo

A marca vivencia um momento crucial em sua história, marcando tanto para o novo designer quanto para a própria marca.

Este período de transição foi influenciado por diversos eventos significativos.

Primeiramente, a saída de Jeremy Scott em março de 2023, após uma década como diretor artístico da Moschino, foi um marco.

Em seguida, Davide Renne, nomeado como seu sucessor em outubro de 2023, faleceu em 10 de novembro, poucos dias depois de assumir a direção criativa.

Adrian Appiolaza: Uma nova visão

Adrian Appiolaza, que assumiu a direção criativa em janeiro, teve um prazo apertado de seis semanas para desenvolver sua primeira coleção.

No entanto, ele conseguiu trazer uma nova abordagem ao estilo, mantendo a essência da marca, a coleção apresentou diversas referências clássicas da Moschino, como trompe l’oeil, denim, pérolas, bolinhas e nuvens.

Revisitando o legado

Elementos únicos e surpresas divertidas também marcaram presença, junto com diversos looks impactantes.

Os acessórios não foram esquecidos, com destaque para as bolsas em formatos inusitados, como a de baguette francesa e a de michetta milanesa, buscando inspiração nos arquivos da marca, o estilista conseguiu resgatar o espírito criativo de Franco Moschino, atualizando-o com proporções modernas e contemporâneas.

A nova coleção da Moschino será lançada em suas 51 boutiques exclusivas e em cerca de 300 varejistas multimarca.

A marca também abrirá duas lojas temporárias em setembro: uma nas Galeries Lafayette em Paris, exibindo a coleção outono-inverno 2024/25, e outra na Lotte Main em Seul, destacando a nova bolsa “Tie Me Bag”, a empresa está otimista quanto ao crescimento e já observa resultados promissores dessa nova fase.

Adrian Appiolaza estreia como diretor criativo no desfile da Moschino

Adrian Appiolaza assumiu a direção criativa da Moschino em janeiro deste ano e teve o primeiro desfile de sua coleção nesta quinta-feira (22), na semana de moda de Milão. Vale mencionar que Appiolaza assumiu o posto após o falecimento de Davide Renne.

Desfile de estreia de Appiolaza

No entanto, antes de Davide Renne, quem assumia o posto de direção criativa era Jeremy Scott. Após sua saída, em março do ano passado, Davide mal assumiu o cargo e morreu subitamente com apenas dez dias de trabalho, em novembro.

Oito dias antes da estreia oficial de Appiolaza, o novo diretor ainda não havia visto a coleção. Porém, ele revelou, em entrevista para a Vogue Brasil que levaria em conta os acontecimentos anteriores, aproveitando peças que já estavam prontas para uso.

Além disso, o diretor mostrou-se animado no pré-desfile, confessando que todas as manhãs abria os olhos e pensava em formas de poder “navegar” neste show. Adrian Appiolaza também expressou-se de maneira esperançosa com relação ao que está por vir: “[…] Sei que depois terei o tempo e os recursos necessários para dar o meu melhor. Mas por enquanto tive que usar os ingredientes que estavam aqui, não deu tempo de desenvolver novos”.

Com isso, Adrian afirma que foi preciso juntar tudo o que estava com ele para só então iniciar a construção de história dentro da Moschino, revelando que roupas que representam arquétipos ou ideias de moda fazem parte do que ele deseja transmitir.


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)


Coleção assinada por Appiolaza (Foto: reprodução/Instagram/@Vogue)

Adrian demonstra gratidão por nova etapa

Durante entrevista, Adrian não deixou de elogiar os parceiros da moda ao longo de sua trajetória, já que essa é a primeira coleção assinada por ele desde sua formação na Central Saint Martins, em 2002, dizendo que aprendeu muitas coisas importantes com todos. Vale mencionar que Appiolaza trabalhou com grandes designers, como por exemplo Alexander McQueen, que já desenhou roupas para inúmeras famosas como Beyoncé, Rihanna e Fergie e sucedeu John Galliano na maison Givenchy, além de Miuccia Prada (Miu Miu) e Marc Jacobs (Louis Vuitton).

O estilista transpira gratidão ao falar também sobre a Moschino, dizendo que se sente emocionado por estar em uma empresa na qual muitas pessoas trabalharam com o próprio Franco Moschino, principalmente pelo fato de trabalhar na mesma mesa em que o italiano trabalhava. Entretanto, ele afirma que seu objetivo principal é mantê-lo como centro e permanecer nos bastidores, visando assim que Moschino seja sempre o personagem principal. 

Matéria por: Maria Stephany/Lorena R7