Trump eleva tarifas sobre aço e alumínio para 50% e agita mercados globais

Nesta segunda-feira (2), os preços do aço e do alumínio registraram forte alta nos Estados Unidos, impulsionados pelo anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre a elevação das tarifas de importação desses metais para 50%. A decisão, revelada na última sexta-feira (30), causou um efeito imediato nos mercados globais e intensificou as tensões da já delicada guerra comercial em curso. As novas tarifas devem entrar em vigor no dia 4 de junho, segundo o comunicado oficial.

Justificativa de Trump

A medida foi justificada por Trump como uma resposta à suposta quebra de acordo por parte da China, que, segundo ele, descumpriu promessas de reduzir barreiras comerciais e restrições à exportação de minerais essenciais. O impacto da declaração não demorou a ser sentido: enquanto os preços dos metais disparavam nos EUA, as ações de siderúrgicas internacionais, especialmente na Europa e Ásia, apresentaram quedas expressivas.


Foto de rolos de alumínio (Foto: reprodução/X/@g1)

Atualmente, os Estados Unidos são o maior importador mundial de aço fora da União Europeia, com cerca de 26,2 milhões de toneladas adquiridas ao longo de 2024, conforme dados do Departamento de Comércio. Especialistas do setor, porém, veem com ceticismo a real aplicação das tarifas nos moldes anunciados. Muitos lembram que o ex-presidente já recuou de decisões similares no passado, o que mantém o mercado em alerta e em estado de incerteza.

Possíveis consequências

Eoin Dinsmore, analista do Goldman Sachs, alertou que a alta nos preços pode agravar ainda mais o cenário da indústria norte-americana, que já sofre com uma demanda enfraquecida. Ele acredita que os custos maiores deverão pesar negativamente sobre o setor industrial, que pode se retrair ainda mais ao longo do ano.

No mercado físico norte-americano, o alumínio apresentou um salto de 54% nos preços, enquanto o aço em bobina laminada teve um aumento de 5%. A Europa, que destina aproximadamente 20% de suas exportações de aço fora da UE aos EUA, poderá ser uma das regiões mais afetadas.

Apesar da controvérsia, produtores norte-americanos de alumínio celebraram a medida. Mark Duffy, presidente da Associação de Alumínio Primário dos EUA, declarou que as tarifas são uma forma de combater décadas de concorrência desleal promovida por produtores estrangeiros subsidiados.

Já na Bolsa, as ações de empresas siderúrgicas americanas registraram ganhos significativos no pré-mercado. Nucor, Cleveland-Cliffs e Steel Dynamics avançaram entre 14% e 26%, refletindo o otimismo entre os produtores domésticos diante da nova política tarifária.