Maurício Duarte: moda ancestral e sustentável na SPFW

Se o São Paulo Fashion Week serve de vitrine para o mundo do que o Brasil é capaz de prestar ao mundo da moda, Maurício Duarte colocou um espetáculo de brasilidade em desfile. Neste sábado (13) foi a vez do estilista amazonense apresentar sua coleção Piracema, com looks representando mais que roupas, e sim puro saber ancestral.

Maurício Duarte: natureza e conexão

Piracema é o nome indígena dado ao período em que algumas espécies de peixe nadam contra a correnteza para colocar seus ovos no leito do rio. Esse fenômeno produz uma cena curiosa, onde os peixes pulam para fora da água, tamanha sua determinação em renovar seu ciclo de vida. Maurício manifesta este mesmo espírito na coleção, convergindo com a força dos povos originários.


Desfile de Maurício Duarte na SPFW (Foto: reprodução/Instagram/@spfw)

O desfile foi uma sucessão de peças evocando elementos naturais, texturas que lembram armadilhas para peixes e tramas artesanais. Fios de juta e tucum compõem os looks, ornando como se fosse possível vestir a natureza amazonense em sua forma mais pura.

Maurício brinca com longos vestidos de algodão e uma mistura de seda. Os modelos masculinos usam uma releitura de túnica, e em quase todos é possível ver sementes da região de Igapó e escamas de pirarucu na composição dos looks.

Moda amazonense é elemento de consciência e identificação

Manauara e descendente de indígenas, Mauricio Duarte estreou no SPFW em 2023, mas customizava camisetas para feiras desde os 15 anos. De origem humilde, ganhou bolsa para cursar moda na Faculdade Santa Marcelina. Mudou-se para São Paulo e, em 2019, abriu seu primeiro ateliê. Hoje, impacta centenas de famílias amazonenses com sua marca, graças a parceria com artesãos indígenas de diferentes etnias no interior do Amazonas.

Maurício se denomina um artista de forma energética. De natureza excêntrica e cativante, ele também usa a exposição de sua arte para apoiar as causas de seus conterrâneos, como o manifesto contra o marco temporal das terras amazonenses.

Lula anuncia entrega de R$ 730 milhões para municípios na Amazônia combaterem o desmatamento

Nesta terça-feira (9), o governo Lula anunciou a entrega de R$ 730 milhões para um total de 70 cidades prioritários, com o objetivo de combater o desmatamento da floresta amazônica. O programa optativo – ao qual 53 municípios já aderiram – vai financiar a prevenção, monitoramento, controle, e redução dos danos causados à flora e fauna local.

O valor de R$ 730 milhões é um fundo que vale até o ano de 2027, e deverá ser usado principalmente para combater o desmatamento em flagrante e a ocorrência de incêndios florestais, os quais têm se tornado mais comuns com o aquecimento global e a permanência das temperaturas elevadas em períodos secos. Só em 2023, os incêndios de florestas amazônicas maduras cresceu em 152%, e as ocorrências devem crescer ainda mais neste ano – o que explica o valor do investimento.

Do montante, R$ 600 milhões vão ser encaminhados diretamente ao Fundo Amazônia, que desde 2008 promove a conservação e uso sustentável da Amazônia Legal. Os restantes R$ 130 milhões passarão para o Floresta+, que é uma parceria internacional entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério do Meio Ambiente.


Imagem aérea de desmatamento na Amazônia (Foto:Reprodução/TV Globo/g1)

Promessa de Desmatamento Zero

Nós temos um compromisso, assumido por conta e risco nosso, de que até 2030 a gente vai anunciar ao mundo desmatamento zero neste país,” afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao anunciar o projeto. “E nós queremos transformar isso num compromisso do povo brasileiro.

O objetivo de zerar o desmatamento no Brasil foi primeiro determinado em 2015, durante o Acordo de Paris, como a contribuição voluntária a qual o país tentaria atingir na próxima década e meia. Em seu discurso, o presidente também atacou negacionistas e enfatizou a necessidade de soluções práticas para lidar com mudanças climáticas e criar sociedades sustentáveis.

Metodologia do Programa

Em uma primeira etapa, serão entregues R$ 500 mil a cada município que aderir ao programa, para financiar o estabelecimento da gestão ambiental local. Com isso, ainda sobre mais da metade do montante, que será distribuído em um segundo período de acordo com a performance das cidades, onde os municípios com a maior redução do desmatamento são recompensados pela performance.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os mais de R$ 700 milhões eram apenas o começo dos esforços. “Para além de combater desmatamento, queimada […] Para além de tudo isso, o que a gente faz aqui? Criando uma memória para filhos, netos, para aqueles que virão.”

Os municípios devem buscar aderir ao programa até o dia 30 de abril, e seus esforços para combater o desmatamento serão avaliados segundo o índice do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A perspectiva é que esse projeto freie o aumento acelerado do desmatamento, mas ainda não há projeção do seu grau de efetividade enquanto investimento federal.

Relatório aponta que desmatamento de florestas no Brasil diminuiu em 36% 

A organização Global Forest Watch (GFW) divulgou nessa quinta-feira (04) um estudo que revela que o Brasil diminuiu em 36% a perda de floresta nativa e primária em 2023. Esse número representa o nível mais baixo que o país já atingiu desde 2015, porém, apesar de positivo, o Brasil continua sendo o que mais apresenta perda florestal anual. 

A Colômbia foi a que demonstrou o resultado mais satisfatório no mundo, com diminuição de 49%, a instituição atribui isso às medidas aprovadas pelo presidente Gustavo Petro. Em compensação, Bolívia e Laos tiveram os maiores aumentos, com 27% e 47% respectivamente, sendo seguidos por Peru, Malásia, Indonésia, Camarões e República Democrática do Congo. 


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Queimada na floresta Amazônica (Foto: reprodução/MICHAEL DANTAS/AFP/Getty Images Embed)


Cerrado e Pantanal

Ainda segundo o relatório, os biomas do Cerrado e Pantanal são os que mais sofrem com o desmatamento e vêm registrando aumento. O Pantanal pela seca e princípios de queimadas, e o Cerrado por ser o centro da agricultura do Brasil, ocasionando desflorestamento da mata.


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Presidente Lula discursando em evento da ONU (Foto: reprodução/Spencer Platt/Getty Images Embed)


A Amazônia é o principal ecossistema com números de queda, segundo o governo brasileiro, a redução é de 22,4% no período de agosto de 2022 a julho de 2023, já o estudo afirma uma redução de 39%.

Mudanças relacionadas ao governo

A GFW explica que essa mudança em solo brasileiro se deve às ações realizadas pelo governo e presidente Luís Inácio da Silva Lula. O documento aponta que entre os atos estão as anulações de medidas e maior reforço em fiscalização na fauna, tudo isso auxilia no menor impacto e danos ao ambiente, proporcionado resultados positivos na Amazônia.  

É esperado que esses dados possam melhorar em 2024, mas para a entidade, o mundo não conseguirá cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030 estabelecida na Declaração dos Líderes de Glasgow (COP26). 

Brasil e França lançam programa de 1 bilhão de euros para proteger a Amazônia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciaram nesta terça-feira (26) um plano para investir 1 bilhão de euros (R$ 5,4 bilhões) na Amazônia, incluindo partes da floresta tropical na vizinha Guiana Francesa.

Entenda

O anúncio foi feito por Emmanuel Macron em conjunto com o presidente Lula durante visita à Ilha do Combu, em Belém, no Pará. 

Os governos dos dois países afirmaram que o dinheiro será distribuído ao longo dos próximos quatro anos para proteger a floresta tropical. Será uma colaboração entre bancos estatais brasileiros e a agência de investimentos francesa. Recursos privados também serão bem-vindos, disseram Brasil e França.


Lula e Emmanuel Macron em Belém, no Pará (Foto: reprodução/Ricardo Stuckert/X/@LulaOficial)

Macron iniciou sua visita de três dias ao Brasil na cidade amazônica, onde encontrou com seu aliado de longa data. O presidente francês pegou então um barco até a ilha de Combu para se encontrar com líderes indígenas. 

Emmanuel Macron reforçou ainda que continuará apoiando os povos indígenas e as comunidades locais amazônicas. 

Além disso, os presidentes anunciaram o relançamento do projeto de um centro franco-brasileiro sobre biodiversidade amazônica. Prevista em um acordo de 2008, o Instituto tem como objetivo o desenvolvimento de pesquisas por meio de universidades e outros centros científicos, além de criar uma coalizão de empresas para levantar fundos que patrocinem as atividades. 

Esforço bilateral 

Macron destacou a importância de um diálogo contínuo entre Paris e Brasília nos próximos dois anos, visando ampliar as metas compartilhadas, incluindo a reforma da governança e o aumento do capital do Banco Mundial. Essas medidas visam fortalecer a capacidade do órgão para financiar um “Green Deal Global” em setores cruciais como energia, infraestrutura e indústria, ao mesmo tempo, em que se comprometem a combater a pobreza.

Foram abordados outros pontos relacionados aos esforços conjuntos do Brasil e da França, incluindo a urgência de implementar um imposto mínimo sobre altos rendimentos em escala global, exigindo um compromisso mais robusto na luta contra a evasão fiscal. E a importância de desenvolver um amplo plano de investimento na bioeconomia, visando à preservação das florestas e ao mesmo tempo proporcionando oportunidades econômicas para os locais.

Macron também prometeu que a França trabalhará com as autoridades brasileiras para tornar operacional a ponte sobre o rio Oiapoque. Além de discutirem questões envolvendo refugiados e a pesca ilegal.

Cerca de 70% das vítimas de violência feminina na Amazônia tem entre 0 e 14 anos

Um estudo do Instituto Igarapé mostra um significativo aumento das taxas de todas as formas de violências não letal contra mulheres da Amazônia Legal. Além disso, a pesquisa indicou uma taxa de feminicídio consideravelmente mais alta em comparação com o restante do país.

Diferentes tipos de violência

O relatório apresentado, na segunda-feira (18), analisa o cenário de violência contra mulheres na Amazônia Legal nos últimos cinco anos. Contrariando uma queda de 12% no restante do país, houve uma redução de apenas 2% nas taxas de homicídios dolosos de mulheres na Amazônia. A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

A violência física aumentou 3% no restante do país, enquanto que na Amazônia Legal, 37%. A violência patrimonial cresceu 51% no restante do país e 62% na região amazônica. A violência psicológica aumentou 14% no restante do país contra 82% da região amazônica. O aumento da violência sexual representa uma média de 24 vítimas por dia nesse período, sendo que 69% eram meninas entre zero e 14 anos.


Transporte de madeira no Rio Murutipucu, Nordeste do Pará (foto: reprodução/ getty images embed)


Não começou agora

A Amazônia tem um histórico de exploração de seus recursos naturais, destacando a exploração madeireira, a agropecuária com impacto ambiental negativo, a mineração ilegal, especialmente de ouro e a grilagem de terras. Além de destruírem a biodiversidade das florestas, os exploradores controlam a região por meio de complexas redes criminosas que favorecem o narcotráfico, a exploração sexual infantil, o trabalho escravo e elevados índices de violência em suas mais variadas formas.

Diversas pesquisas indicam que a Amazônia Legal é a região mais violenta do Brasil. Em um cenário de constante conflito, violência e insegurança pública, os números sugerem que essas dinâmicas também estão afetando as mulheres. Os dados dos últimos cinco anos são um importante alerta. Ao mapear e entender os padrões das violências contra mulheres, subsídios foram fornecidos para o planejamento de políticas públicas baseadas em evidências, capazes de modificar a realidade adversa.

Garimpo desmatou quatro campos de futebol por dia em terras indígenas em 2023 

O garimpo ilegal em terras indígenas desmatou o equivalente a quatro campos de futebol por dia no ano de 2023, segundo relatório divulgado pelo Greenpeace Brasil nesta segunda-feira (11). Nas áreas analisadas pela organização, os povos mais afetados pelo garimpo foram os Yanomami, Kayapó e Munduruku.

Sobre os resultados da pesquisa

Os dados foram colhidos pela Greenpeace com base em imagens de satélites. O levantamento indicou que os territórios dos Yanomami, Kayapó e Munduruku correspondem a 26,4 mil hectares do garimpo clandestino. Essas terras são protegidas por lei e a atividade exploratória na região é crime.

O território que mais é atingido pelo garimpo é o Kayapó, localizado no Pará. Só no ano passado, os garimpeiros tomaram 1 mil hectares da área. Até o momento, o território perdeu 15,4 mil hectares no total e a atividade é praticada em locais próximos às aldeias indígenas.

De acordo com os dados da Greenpeace, o povo Yanomami teve 200 hectares de território afetados pelo garimpo ilegal em 2023. Ao decorrer dos anos, o território desse povo indígena perdeu o total de 3.892 hectares de suas terras.


Operação do Ibama identifica garimpo ilegal em território Yanomami (foto: reprodução/ Istó é/ Bruno Kelly)

Depois dos Kayapó, o povo Munduruku é o segundo com maior quantidade de terras devastadas pelo garimpo. Até o fim de 2023, a pesquisa da organização indicou que 7 mil hectares do território dos Mundurukus foram tomados pela atividade ilegal.

Ajuda temporária do governo

No início de 2023, o governo Lula se comprometeu em dar apoio no combate do garimpo nas terras do povo Yanomami. Em fevereiro, foi decretada situação de emergência nacional no território indígena ameaçado.

A pesquisa da Greenpeace mostra que houve uma queda no número das áreas afetadas pela atividade no mês de fevereiro, quando o Governo Federal prestou ajuda. Porém, em março, os dados disponibilizados pela organização ambiental demonstram um pico de novas áreas de garimpo na região.

Império de Casa Verde faz homenagem à Fafá de Belém em samba enredo

A escola de samba Império de Casa Verde, renomada por sua criatividade e excelência artística, encantou o público no Carnaval com uma homenagem à cantora Fafá de Belém. Prestes a completar 50 anos de carreira e raízes profundas na região Amazônica, Fafá é celebrada como uma verdadeira potência na cultura brasileira.

O enredo intitulado como “FAFÁ, A CABOCLA MÍSTICA EM RITUAIS DA FLORESTA”, mergulhou na aura mística da Amazônia e da persona de Fafá de Belém, apresentando uma narrativa que combinou elementos culturais, religiosos, indígenas e festivos da região. O enredo destacou a artista como Cabocla da Floresta, honrando sua conexão única com a natureza e a espiritualidade amazônicas.


Fafá de Belém (Foto: reprodução/Paulo Troya @paulotroya)

Para o desfile, a artista usou uma fantasia inspirada nos povos indígenas, assinada pela marca Apartamento 03, na cor bege, com adorno de cabeça feito exclusivo por Walerio Araújo e um costeiro com plumas azuis.

Com uma estética singular e sofisticada, o look capturou a essência de Fafá, combinando elementos tradicionais da cultura amazônica. “Eu encerro a escola sem muito brilho, sem lantejoula e sem paetê, porque quero encerrar como uma mulher veio ao mundo“, diz ela, que também não queria que sua fantasia concorresse com o carro alegórico: “um indígena de oito metros de altura a bordo do qual ela entra na avenida”, disse Fafá.


Fafá de Belém (Foto: reprodução/Paulo Troya @paulotroya)

Já no adorno, conhecido por suas criações exuberantes e provocativas, Walério trouxe sua visão única para o desfile da Império de Casa Verde, complementando o visual com a peça que é ao mesmo tempo majestosa e intrincada.

A narrativa do desfile foi dividida em cinco rituais impressionantes:

Ritual Kanapí: as Caboclas Jurunas lideraram uma defesa apaixonada da mata contra os perigos da ambição. É neste ritual que nasce Fafá, a Cabocla escolhida para proteger a floresta e levar sua mensagem para o mundo.

Fé Cabocla: os Jurunas, com sua presença marcante em Belém, participaram do Círio de Nazaré Indígena, onde veneraram tanto Maria de Nazaré quanto Maria de Fátima (Fafá), unindo elementos religiosos católicos e místicos indígenas.

Ritual da Floresta Avermelhada: Fafá guiou a Império de Casa Verde por uma jornada encantadora, enquanto seres lendários da Amazônia, como a Cobra Grande boiuna e os Caruanas, celebraram junto à Cabocla através da icônica canção “Vermelho”.

Pavulagem Paraense: Fafá enaltece a magia dos festejos culturais de Belém do Pará, imergindo a avenida em uma atmosfera vibrante e festiva.

Ritual das Artes Amazônidas: sob a influência encantada da aldeia negra Pauapixuna, o Teatro da Paz se transforma no Teatro da Mata, onde Fafá de Belém é a grande protagonista, personificando a Cabocla que conquistou o mundo com sua arte.


Fafá de Belém (Foto: reprodução/Paulo Troya @paulotroya)

O desfile da Império de Casa Verde prometeu uma experiência sensorial única, combinando música, dança e cultura para celebrar a trajetória inigualável de Fafá de Belém e a força da região Amazônica.