Velório de Ângela Ro Ro será realizado nesta terça-feira no Rio de Janeiro 

A icônica cantora e compositora Ângela Maria Diniz Gonsalves, conhecida artisticamente como Ângela Ro Ro, será velada nesta terça-feira (9), no Crematório e Cemitério da Penitência, localizado no bairro do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro.

A  cerimônia acontecerá das 13h às 16h, na capela Ecumênica I do cemitério. Ao contrário de informações iniciais que mencionavam um evento restrito apenas a familiares, foi confirmado que os fãs também poderão comparecer para prestar sua última homenagem. 

A luta contra a doença

Ângela estava internada desde 17 de junho no Hospital Silvestre, na zona sul do Rio de Janeiro, tratando de uma grave infecção pulmonar. O quadro evoluiu e, em julho, ela foi submetida a uma traqueostomia, um procedimento essencial para manter a respiração.

Apesar de ter apresentado sinais de melhora e até retomado a fala no fim de julho, seu estado de saúde se agravou novamente. Ângela não resistiu e faleceu na manhã do dia 8 de setembro, aos 75 anos, após complicações relacionadas à infecção. 


Ângela Ro Ro em um de seus últimos shows (Foto: reprodução/PABLO PORCIUNCULA/Getty Imagens Embed)


 Legado de uma voz marcante

Ângela Ro Ro iniciou sua carreira nos anos 1970 e logo se consolidou como uma das vozes mais autênticas da Música Popular Brasileira (MPB). Seu álbum de estreia, lançado em 1979, trouxe clássicos como Tola Foi Você, Amor, Meu Grande Amor e Gota de Sangue, tornando-se um marco na sua trajetória.

Reconhecida pela revista Rolling Stone como a 33ª maior voz da música brasileira, Ângela também era conhecida por seu temperamento forte, letras intensas e por parcerias com grandes nomes como Maria Bethânia, Ney Matogrosso e Cazuza. 

Nas redes sociais, fãs, colegas de profissão e figuras públicas prestaram homenagem à artista. A cantora Fafá de Belém recordou: “Louca, genial e abusada, como uma artista deve ser”, enquanto Maria Bethânia destacou: “Ângela tinha uma voz que era ao mesmo tempo feroz e delicada. Sua arte permanecerá viva em cada nota e em cada coração que ela tocou”


Homenagem da cantora Maria Bethânia (Foto: reprodução/x/@Metropoles)

Uma memória viva

A morte de Angela Ro Ro deixa um vazio na música brasileira, mas também reforça a imortalidade de sua arte. Cada acorde, cada letra e cada interpretação permanecem como testemunhos de uma carreira marcada pela autenticidade e pelo talento singular.

O velório desta terça-feira não é apenas uma despedida, mas também um momento de celebração da vida e da obra de Ângela Ro Ro. Fãs, amigos e colegas se reúnem para lembrar a artista que ousou ser intensa, autêntica e inesquecível. Sua voz continua ecoando, agora carregada da memória afetiva de todos que se emocionaram com seu talento e coragem ao longo de mais de cinco décadas de carreira.

Angela Ro Ro: conheça a trajetória de uma das vozes mais intensas da MPB

A cantora Angela Ro Ro conquistou espaço na música brasileira com canções intensas e memoráveis, entre elas “Amor, Meu Grande Amor” e “Simples Carinho”, que atravessaram décadas. Com sua voz única, Angela construiu uma trajetória que misturava elementos do rock com a delicadeza da MPB, sempre marcada pela intensidade de suas interpretações.

Da formação clássica ao início nos palcos

Nascida no Rio de Janeiro, Angela Maria Diniz Gonçalves iniciou os estudos em piano clássico ainda na infância. Sua voz rouca e grave lhe rendeu o apelido que a acompanharia por toda a carreira. Antes de ganhar notoriedade no Brasil, ela viveu em Londres durante o regime militar, sustentando-se com pequenos trabalhos enquanto se apresentava em bares e espaços alternativos.

Primeiros discos e grandes sucessos

Quando retornou ao Brasil, em 1979, lançou o álbum de estreia que apresentou ao público canções que logo se tornaram atemporais, entre elas “Amor, Meu Grande Amor”, “A Mim e a Mais Ninguém” e “Tola Foi Você”. No ano seguinte, o LP “Só Nos Resta Viver” reforçou seu estilo intenso, com canções que se tornaram emblemáticas, como a faixa-título e “Tango da Bronquite”.

Nos anos seguintes, vieram obras que ampliaram sua relevância na MPB, como “Escândalo” (1981), inspirada no fim de seu relacionamento com Zizi Possi, e o sucesso “Simples Carinho”, presente no álbum de 1983. Além do próprio repertório, suas letras também ganharam vida na voz de outros intérpretes consagrados, provando a força de sua obra e o alcance de sua criatividade. Maria Bethânia, por exemplo, regravou “Fogueira”, reforçando o peso de Angela como uma artista que influenciou toda uma geração.


Fafá de Belém usou as redes sociais para homenagear a artista (Foto: reprodução/Instagram/@fafadbelem)


Reconhecimento e legado artístico

Ao longo das décadas, Angela Ro Ro construiu uma carreira marcada pela dramaticidade de suas interpretações e pela autenticidade de sua obra. Seu último disco de estúdio, Selvagem (2017), trouxe 11 faixas inéditas e reafirmou sua vitalidade artística mesmo em fase madura. No Spotify, continua presente no repertório de milhares de ouvintes, com destaques como “Na Cama”, “Balada da Arrasada” e “Cheirando a Amor”.

Mais do que sucessos, Angela deixou um estilo único, sem medo de expor fragilidades e paixões. Sua contribuição para o rock e a MPB é celebrada não apenas nas canções gravadas, mas também na influência que exerceu sobre outras intérpretes e compositores. Autêntica, intensa e livre, Ro Ro permanece como uma das vozes mais marcantes da música brasileira.

A música brasileira se despede de Angela Ro Ro, símbolo de autenticidade e talento

A música popular brasileira se despede de uma de suas figuras mais emblemáticas. Angela Ro Ro, cantora e compositora de talento ímpar, faleceu no Rio de Janeiro aos 75 anos, vítima de uma parada cardíaca ocorrida após uma nova infecção. Sua partida deixa um vazio imensurável no cenário musical, mas seu legado perdurará através de suas canções e de sua postura pioneira.

Carreira meteórica e legado musical marcante

Nascida Angela Maria Diniz Ro Ro, a artista trilhou uma carreira meteórica desde os anos 1970, rapidamente se estabelecendo como um dos nomes mais relevantes da MPB. Com um estilo irreverente e uma voz inconfundível, Angela conquistou corações e mentes com sucessos atemporais como “Amor, Meu Grande Amor”, “Compasso” e “Fogueira”. Sua genialidade musical a levou a colaborações memoráveis com grandes nomes da música brasileira, incluindo Maria Bethânia e Cazuza, enriquecendo ainda mais o panorama sonoro do país.


Matéria sobre o falecimento de Angela Ro Ro (Vídeo: reprodução/YouTube/G1)

Ao longo de sua trajetória, Angela Ro Ro lançou mais de dez álbuns, cada um recheado de composições autorais intensas e interpretações carregadas de emoção. Sua obra é um testemunho de sua sensibilidade artística e de sua capacidade de tocar profundamente o público. Mais do que uma cantora, Angela foi uma pioneira, rompendo barreiras em uma época conservadora ao assumir abertamente sua sexualidade. Essa autenticidade foi a base de sua carreira, inspirando inúmeras gerações de artistas a expressarem suas verdades sem medo.

Dificuldades financeiras e o retrato da vulnerabilidade de artistas veteranos

Recentemente, a vida pessoal de Angela Ro Ro enfrentou desafios financeiros, com a artista recorrendo a doações para cobrir despesas médicas. Sua situação evidencia a fragilidade de muitos artistas que, mesmo após anos de contribuição para a cultura, lutam para garantir sua subsistência digna. A falta de aposentadoria e a dependência de direitos autorais, que somavam cerca de R$ 800 mensais, revelam uma dura realidade para aqueles que dedicaram suas vidas à arte.

Apesar das dificuldades enfrentadas em seus últimos anos, a memória de Angela Ro Ro permanece viva. Sua música transcende o tempo, e sua coragem em ser quem era em uma sociedade restritiva a estabelece como um ícone de liberdade e autenticidade. A MPB perde uma de suas vozes mais potentes, mas o eco de sua arte continuará a ressoar, inspirando e emocionando por muitas e muitas gerações.