X se torna principal palco para discursos antissemitas, aponta estudo

O X, rede social comandada por Elon Musk, foi identificado como o principal ambiente online para publicações antissemitas. A conclusão vem de um estudo conduzido pelo Centro para Combate ao Ódio Digital (CCDH) em parceria com o Conselho Judaico para Assuntos Públicos dos EUA. A pesquisa durou um ano e apontou que mais de 679 mil postagens com conteúdo antissemita circularam entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, sendo visualizadas quase 200 milhões de vezes.

O levantamento mostrou que a moderação da plataforma falhou em conter a disseminação do ódio. Apenas pouco mais de 1% das postagens mais visualizadas receberam notas comunitárias, mecanismo criado para corrigir desinformação e em 90% dos casos, essas notas surgiram tarde demais, quando o conteúdo já havia viralizado.

Influenciadores lucram com discurso de ódio

O estudo também identificou um novo fenômeno, influenciadores antissemitas verificados. Dez contas concentraram 32% das publicações de ódio analisadas. Dessas, seis tinham selo azul do “X Premium”, modelo de assinatura da plataforma e três estavam autorizadas a vender conteúdos exclusivos, o que significa que monetizavam diretamente o conteúdo antissemita.


Logo do X (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Com milhões de seguidores, esses perfis publicavam teorias conspiratórias, distorções históricas sobre o Holocausto e ataques diretos ao povo judeu. Apesar de o X proibir esse tipo de conteúdo, a aplicação das regras se mostrou ineficiente ou inexistente. Em apenas 36 dos 300 posts mais vistos houve alguma ação por parte da empresa, como exclusão ou redução do alcance.

Liberdade de expressão ou descaso

Elon Musk tem defendido que a liberdade de expressão deve prevalecer, inclusive reativando contas como a de Nick Fuentes, conhecido por negar o Holocausto. Em resposta às críticas, Musk afirmou que é melhor que os discursos estejam visíveis para serem contestados do que ocultos.

Porém, organizações alertam que o X falhou em seu dever de proteger os usuários. Segundo os autores do estudo, a plataforma virou um terreno fértil para o antissemitismo moderno, ampliando vozes antes marginais. O caso reacende o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade digital em tempos de polarização e desinformação.

Columbia pagará US$200 milhões após denúncias de assédio a judeus

A Universidade de Columbia anunciou nesta quarta-feira (23) que pagará US$200 milhões ao governo dos Estados Unidos como parte de um acordo. O valor, cerca de R$1,105 bilhão, diz respeito às alegações de falhas no combate ao assédio a estudantes judeus. 

A medida acontece um dia após a universidade aplicar sanções a dezenas de estudantes por protestos pró-Palestina no campus. A princípio, o governo de Donald Trump havia interrompido contratos e repasses no valor de aproximadamente US$400 milhões como resposta aos casos de assédio antissemita investigados na instituição.

Como resultado, o pagamento do acordo ocorrerá ao longo de três anos e permitirá que a instituição recupere o acesso a bilhões de dólares em subsídios federais que haviam sido suspensos.

Repercussão e histórico do conflito

O acordo, nesse contexto, traz novamente à tona o debate sobre liberdade de expressão e segurança de minorias em universidades de elite nos EUA. Nos últimos meses, a gestão de Trump tem intensificado pressões sobre instituições como Columbia, Harvard e Yale, ao exigir relatórios e mudanças em políticas internas.


Columbia atacou exigências de Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/Jornal da Record)

Desde o ano passado, manifestações estudantis contra a guerra em Gaza e o apoio dos EUA a Israel vêm mobilizando os campi universitários. Como consequência, parte dessas ações resultou na detenção de ativistas e em críticas à forma como as universidades americanas lidam com situações entre protestos e proteção de alunos judeus.

Impacto em outras instituições

A Universidade de Harvard também está sob investigação por supostas violações de direitos civis envolvendo estudantes judeus. Diante disso, a instituição pode enfrentar medidas semelhantes às que Columbia enfrenta. Deste modo, esses casos sinalizam a possibilidade de novos acordos ou sanções contra outras universidades que não cumprirem as exigências federais.

Especialistas afirmam que o resultado do processo pode, portanto, redefinir como instituições acadêmicas americanas lidam com tensões políticas e religiosas em seus campi universitários.