Em meio a questionamentos sobre a demora paura deixar o hospital, o ex-presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o atestado de comparecimento referente à sua internação no Hospital DF Star, no dia 14. A defesa apresentou o documento na tarde desta segunda-feira (16), atendendo ordem do magistrado.
O relatório médico entregue ao STF detalha que Bolsonaro deu entrada na unidade hospitalar às 8h da manhã para exames de rotina e acompanhamento de queixas clínicas. Os exames realizados detectaram anemia por deficiência, além de sinais compatíveis com uma pneumonia recente, ainda em fase de recuperação.
O que diz o atestado
O documento também registra que o ex-presidente foi submetido à remoção de oito lesões de pele, em procedimento feito sob anestesia local. Parte dessas lesões já havia sido classificada como benignas em avaliações anteriores, mas outras foram encaminhadas para a biópsia, a fim de verificar possíveis alterações malignas.
Segundo os médicos, a escolha por realizar a retirada nesse momento foi preventiva, diante do histórico de exposição solar e do risco dermatológico associado. Bolsonaro permaneceu em observação até as 14h, quando foi liberado para deixar o hospital.
Além dos procedimentos, o atestado reforça a necessidade de acompanhamento contínuo, sugerindo a realização de novos exames laboratoriais e avaliações médicas periódicas. Para a defesa, esse ponto é importante porque reforça que a ida ao hospital não se limitou a uma visita simples, mas se tratou de um atendimento de caráter essencial para a saúde do ex-presidente.
O foco da controvérsia
O ponto central da polêmica é o intervalo entre a liberação médica e o efetivo transporte de Bolsonaro para sua residência. Moraes determinou que a Polícia Penal do Distrito Federal explique, em até 24 horas, por que o ex-presidente não deixou o hospital imediatamente após receber alta. Relatos apontam que, após a alta, Bolsonaro permaneceu na porta do hospital, assistindo à entrevista de seus médicos com jornalistas.
Às 13h55, a equipe médica falou à imprensa, e o ex-presidente acompanhou por cerca de seis minutos antes de deixar o local. O questionamento do STF gira em torno da condução da escolta, já que os agentes responsáveis deveriam zelar pelo cumprimento estrito da medida judicial. Caso seja constatada alguma irregularidade, tanto a defesa de Bolsonaro quanto a corporação poderão ter de prestar novos esclarecimentos ao Supremo.
Primeira saída desde a condenação
O episódio marcou a primeira vez que Bolsonaro deixou a prisão domiciliar desde a condenação imposta pela Primeira Turma do STF na última quinta-feira (11). O ex-presidente recebeu pena de 27 anos e três meses de prisão em regime inicialmente fechado, mas cumpre medida alternativa em regime domiciliar por determinação judicial.
Desse modo, a condenação está ligada a processos que investigam sua conduta durante o mandato, incluindo acusações de incitação a atos antidemocráticos e uso da estrutura pública para disseminação de informações falsas. Assim, a saída de Bolsonaro foi cercada por um forte esquema de segurança, com seis motos e seis veículos da Polícia Penal, além da presença de viaturas da Polícia Militar no entorno do hospital.
Cerca de 50 apoiadores também se reuniram no local, vestindo camisetas e portando bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos. Acompanhando o ex-presidente estavam seus filhos Carlos Bolsonaro (vereador no Rio de Janeiro) e Jair Renan Bolsonaro (vereador em Balneário Camboriú – SC).
