Anac suspende voos do Voepass por falhas na segurança

Nesta terça-feira (11), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou a suspensão das operações da Voepass por questões de segurança. A decisão foi tomada após a companhia não conseguir resolver irregularidades identificadas desde um acidente ocorrido em suas aeronaves em Vinhedo–SP, no ano passado.

Segundo a Anac, a empresa não cumpriu critérios como a redução da malha aérea e o aumento do tempo das aeronaves no solo para manutenção. Essas medidas são consideradas essenciais para garantir a segurança operacional e evitar novos incidentes.

A suspensão tem caráter provisório e será mantida até que o Voepass comprove sua capacidade de operar dentro dos padrões de segurança exigidos.


Avião da Voepass que caiu em Vinhedo–SP (Foto: reprodução/MIGUEL SCHINCARIOL/Getty Images Embed)


Empresa busca reverter a decisão

A Voepass afirmou, em nota, que está apta a operar com segurança e que irá demonstrar isso à Anac. A companhia destacou que já trabalha para atender às exigências e espera retomar seus voos o mais breve possível.

No entanto, até que as adequações sejam validadas pelo órgão regulador, a empresa permanecerá impedida de realizar operações comerciais. A Anac reforçou que a prioridade é a segurança dos passageiros e tripulantes, e que a suspensão só será revogada após a comprovação de melhorias na segurança operacional.

Passageiros devem buscar alternativas

A suspensão dos voos aéreos de passageiros que já compraram bilhetes com o Voepass. A Anac orienta que os clientes entrem em contato com a companhia aérea ou com a agência de viagens responsável pela venda da passagem para solicitar reembolso ou reacomodação em voos de outras empresas.

Caso encontrem dificuldades, os passageiros podem registrar reclamações na plataforma Consumidor.gov.br. Enquanto isso, a Anac seguirá monitorando a situação para garantir que todas as exigências de segurança sejam cumpridas antes da retomada das operações.

Gritos e pergunta de copiloto são captados em gravação de caixa-preta de avião da Voepass

O Jornal Nacional da TV Globo obteve informações exclusivas das transcrições da caixa-preta do avião ATR-72, da Voepass, que caiu sobre a região de Vinhedo (SP), na última sexta-feira, (9). O acidente aéreo resultou na morte de todas as 62 pessoas que estavam presentes na aeronave da antiga Passaredo, incluindo os tripulantes. 

As transcrições são do gravador de voz presente na cabine, que capturou conversas entre o piloto e o co-piloto conversando sobre “dar potência” ao avião poucos minutos antes da queda, além de ser possível ouvir gritos na aeronave.

Gravações da cabine

Até agora, as transcrições acompanham às duas horas de gravação e estão sendo feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Cenipa (Centro de investigação e Prevenção a Acidentes), vinculado à Força Aérea Brasileira. 

Os investigadores responsáveis dizem que a análise preliminar indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de maneira repentina e ressalta que a análise do áudio da cabine não tem o poder de fornecer uma causa aparente para a queda.


Copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva (Foto: reprodução/Arquivo pessoal)

O áudio da caixa-preta e suas transcrições demonstram que o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva, ao perceber que o avião estava perdendo a sustentação, perguntou ao piloto o que estava acontecendo. E continua dizendo ser necessário tentar estabilizar a aeronave “dando potência”, o que não foi possível. 

Aproximadamente um minuto se passa desde o momento em que o copiloto contesta a perda de altitude e o choque do avião no solo e, neste período, é possível ouvir na gravação que a tripulação tentou reagir e consertar o problema. Ao fim, é possível ouvir gritos e o estrondo da aeronave caindo no chão.

Investigação em andamento

Em busca de sons característicos de alertas que poderiam guiar a causa da queda, como alarme de presença de fogo, falha elétrica ou pânico no motor, os investigadores notaram que, como o modelo ATR 72-500 possui hélices muito próximas à cabine de comando, o barulho causado por elas dificultou a transcrição dos diálogos gravados. 

Em uma avaliação inicial, os dados da caixa-preta por si só não permitem confirmar ou descartar a principal hipótese criada pelos especialistas nos últimos dias: a de ocorreu uma formação de gelo nas asas, seguida de uma perda de estabilidade. 

O relatório preliminar deve ficar pronto em 30 dias e, no meio tempo, os investigadores responsável tem esperança de desvendar a causa do acidente.