‘Bomba inteligente’: Descubra a arma utilizada por Israel para destruir um edifício em Beirute

O ataque aéreo aconteceu 40 minutos após Israel avisar os moradores para evacuarem dois edifícios na região. Uma análise detalhada feita por pesquisadores de armas independentes afirma que a arma era uma bomba guiada, conhecida como bomba inteligente. Momentos antes do ataque destruir o prédio, dois ataques menores foram registrados.

A inteligência por trás da bomba

Produzidos pela Rafael Advanced Defense Systems, de propriedade do governo israelense, os sistemas de orientação “Spice”, são fixados a uma bomba não guiada para direcionar a arma ao seu alvo. A Rafael Advanced Defense Systems afirma que essa especificidade os torna capazes de operar independente de adversidades climáticas, de iluminação, além de áreas bloqueadas por GPS, com “alta letalidade e baixo dano colateral” e “precisão de acerto certeira”. 

A empresa Rafael firmou, em 2019, uma parceria com a Lockheed Martin, uma contratada de defesa dos EUA, para construir uma colaboração na produção e venda de kits de orientação Spice nos Estados Unidos. Naquele período, foi divulgado que mais de 60% da produção do sistema Spice estava distribuída por oito estados norte-americanos.


Prédios destruídos na cidade de Beirute, Líbano (Foto: reprodução/Hans Neleman/Getty Images Embed)


Ruptura com os EUA


Os EUA suspenderam o envio dessas bombas poderosas para Israel por preocupações relacionadas a vítimas civis, embora se considere que Israel ainda possua estoques disponíveis.
A preocupação dos EUA em interromper os embarques de bombas poderosas para Israel está ligada ao risco de aumento de vítimas civis nos conflitos da região, especialmente considerando as tensões com o Líbano. Historicamente, as operações militares de Israel, tanto em Gaza quanto no Líbano, têm gerado preocupação internacional devido ao impacto sobre populações civis e à possibilidade de causar danos colaterais significativos em áreas densamente povoadas.

No caso do Líbano, onde o grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, é um ator importante, o uso de armamento pesado por Israel pode desencadear confrontos de larga escala.

Dessa forma, a decisão dos EUA reflete uma tentativa de moderar o uso de força por Israel para evitar uma escalada de violência na região e minimizar o impacto sobre civis, o que também busca manter um equilíbrio diplomático delicado no Oriente Médio.

Passados 5 dias, Israel reinicia os bombardeios na capital do Líbano

Militares israelenses afirmam ter acertado dezenas de alvos do grupo extremista no sul do país, além de um depósito de armas subterrâneo do Hezbollah em Beirute. Em outra frente da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, forças militares israelenses mataram mais de 50 combatentes, entre eles um comandante de grupo.

Embaixadora americana na ONU afirma que os Estados Unidos estão observando as ações de Israel para se certificar que não se configure uma “política de fome”, visto que, segundo o chefe da agência da ONU que dá assistência aos palestinos, a fome poderia ser evitada com a liberação de comboios que carregam ajuda.


Prédios destruídos por bombardeios em Beirute, capital do Líbano (Foto: reprodução/
Hans Neleman/ Getty Images Embed)


Prefeito morre em ataque

Um ataque aéreo israelense contra o prédio municipal de Nabatieh matou o prefeito Ahmed Kahil. Nabatieh é uma importante cidade do sul do Líbano, que funciona como capital da província. O ataque aconteceu mesmo com o temor demonstrado pelos Estados Unidos, devido a multiplicação do número de mortos.

O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, condenou o ataque, sendo o mais significativo contra um edifício estatal libanês desde a última escalada dos combates, que começou há cerca de duas semanas, levantando preocupações sobre a segurança da infra-estrutura estatal do país. A governadora de Nabatieh, Howaida Turk, afirma que embora a maioria dos residentes de Nabatieh já tivesse deixado a área após pesados ​​​​ataques aéreos israelenses, o prefeito e outros funcionários municipais ficaram para trás para ajudar os que permaneceram.

“Eles atingiram civis, a Cruz Vermelha, a defesa civil. Agora eles têm como alvo um prédio do governo. É inaceitável. É um massacre”, ela disse.

ONU pede apuração sobre ataque israelense no norte do Líbano

O porta-voz Jeremy Laurence disse que o ataque, na aldeia de Aitou, levantou “preocupações reais” com respeito ao direito humanitário internacional. Cerca de 12 mulheres e 2 crianças estariam entre os mortos no bombardeio, que destruiu um prédio residencial. O ataque a edifícios residenciais sem aviso prévio trouxe questionamentos sobre as intenções reais por trás dos ataques. 

Embaixada do Brasil no Líbano pede que cidadãos brasileiros deixem o país

A embaixada do Brasil em Beirute aconselhou os brasileiros que vivem ou passam pelo país a considerar deixar o Líbano “apenas até que a normalidade volte”. O país vive tensões em suas regiões e abriga a maior comunidade brasileira no Oriente Médio, com cerca de 22 mil pessoas, segundo o Ministério de Relações Exteriores. Muitos possuem dupla cidadania.

Recomendações da Embaixada

Em nota publicada em seu site, a embaixada disse estar acompanhando a escalada das tensões e prestando as orientações necessárias à comunidade brasileira.

Aos brasileiros que consideram essencial a permanência no país, a embaixada aconselha evitar o sul do Líbano, principalmente zonas de fronteira, e áreas reconhecidas como “de risco”.

Ainda recomenda seguir as instruções de segurança das autoridades locais, aumentar as precauções em áreas de alto risco, não participar de reuniões e protestos e manter-se informado sobre a situação no país.


Brasileiros são aconselhados a deixar o Líbano (Reprodução/Instagram/@libano_brasil)

O aumento das tensões no Líbano

Muitos países estão recomendando seus cidadãos a deixarem o Líbano devido ao crescente aumento de tensões na região. Os Estados Unidos, por exemplo, alertam seus cidadãos para saírem “por qualquer passagem disponível”.

O Irã prometeu uma retaliação “severa” contra Israel após a morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no Teerã. A morte de Haniyeh ocorreu poucas horas depois do Estado de Israel matar Fuad Shukr, comandante do Hezbollah, em Beirute.

As autoridades ocidentais temem que o Hezbollah, um grupo militante apoiado pelo Irã e com base no Líbano, possa aumentar a violência na região, podendo então desencadear uma resposta israelita significativa.

Até o momento, a violência está concentrada nas zonas de fronteira. O Hezbollah já prometeu retaliar e disparou foguetes contra o norte de Israel, enquanto Israel respondeu com ataques a alvos no sul do Líbano.

O Pentágono já está no processo de enviar navios de guerra e aviões de combate para proteger Israel de possíveis ataques do Irã e aliados. A Embaixada dos EUA em Beirute também aconselhou aqueles que optarem por permanecer no Líbano a prepararem planos de emergência e estarem preparados para refugiar-se por um período prolongado.

Estados Unidos oferece recompensa por informações sobre membro do Hezbollah

Nesta terça-feira (30), o governo norte-americano anunciou uma recompensa de aproximadamente R$ 28 milhões por informações sobre Fu’ad Shukr, o conselheiro sênior do chefe do grupo terrorista Hezbollah e membro do Conselho de Jihad. O líder teria sido o alvo da ofensiva das Forças israelenses nos subúrbios no sul de Beirute na tarde de ontem.

A recompensa por Fu’ad Shukr

A informação sobre a recompensa foi divulgada pelo website “Recompensas pela Justiça”, cuja missão é gerar informações úteis que protejam os cidadãos estadunidenses e promovam a segurança nacional dos EUA. O programa oferece recompensas por informações sobre terrorismo, atividades maliciosas que ameacem os país. De acordo com o site, Fu’ad Shukr, também conhecido pelo nome de al-Hajj Mohsin, é o maior braço militar do Hezbollah e tem ajudado o grupo e as tropas pró-Síria contra as forças de oposição dentro da Síria.


Israel lançou ofensiva no sul de Beirute, tendo Shukr como alvo principal (Foto: reprodução/Houssam Shbaro/Anadolu/Getty Images Embed)


O site destaca que Fu’ad Shukr teve papel essencial no atentado que vitimou 241 militares do Quartel do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA em Beirute. O ataque ocorreu em 23 de outubro de 1983 e também feriu outros 128 militares. Desde de setembro de 2019, o Departamento de Estado norte-americano atribuiu a Shukr a alcunha de “Terrorista Global Especialmente Designado de acordo com a Ordem Executiva 13224”. A ordem veio quase cinco anos depois do Departamento do Tesouro impor sanções a Shukr e a dois outros líderes do Hezbollah.

Israel diz que Shukr foi eliminado

Israel realizou um ataque aos subúrbios de Beirute nesta terça-feira (30) com intenção de eliminar Fu’ad Shukr, um dos alvos de maior patente militar dentro do Hezbollah. O país acusou o comandante de ser responsável por um ataque nas Colinas de Golã ocorrido no sábado (27). Os foguetes teriam sido disparados do Líbano e feriram 44 civis israelenses e mataram 12 crianças que brincavam num campo de futebol na cidade de Majdal Shams. O grupo negou a autoria do ataque.

Segundo comunicado das Forças de Defesa de Israel, Fu’ad Shukr teria sido morto no ataque feito ontem. Entretanto, uma autoridade do governo do Líbano afirmou à rede CNN que o comandante teria sobrevivido ao ataque.