O quinto dia da 56ª Casa de Criadores aconteceu ontem (27) no Centro Cultural São Paulo e reuniu coleções autorais que uniram arte, ativismo, sustentabilidade e narrativas brasileiras em cada uma das cinco marcas que desfilaram durante a noite. As produções trouxeram peças artesanais e que buscavam a identidade brasileira, com toques que iam da bioeconomia até flertes com o luxo.
A Casa de Criadores é referência na moda autoral brasileira, onde lançamentos de novos talentos ocorrem em um espaço que visa ser vitrine da moda e destacar coleções que trazem narrativas de identidade, sustentabilidade e experimentação artística. O evento ocorre duas vezes ao ano e traz estilistas emergentes e consolidados para exibirem seus trabalhos e promoverem debates sobre gênero, raça, meio ambiente e cultura nacional. Na sua 56ª edição, que acontece entre os dias 22 e 27 de julho, a temporada de desfiles reafirma seu protagonismo ao destacar a mesclagem entre moda, política e inovação.
Nalimo – Chico Mendes no Coração da Floresta
Com abertura do desfile feita por Nalimo, a estilista trouxe uma coleção inspirada no legado de Chico Mendes e na bioeconomia da Amazônia. O uso de couro de pirarucu e látex natural na proposta valorizou a natureza e técnicas artesanais e utilitárias, com bolsos largos que remetiam aos mapas da região. As texturas naturais e a cartografia sustentável da produção trouxeram a ideia de resistência às passarelas.
Nalimo (Foto: reprodução/Instagram/@base.image)
Berimbau Brasil – Babaçu
A Berimbau, atualmente idealizada por Sando Freitas, veio em seguida e trouxe uma coleção que celebra a cultura do babaçu no Maranhão. Os tons terrosos com estampas que remetiam aos cestos tradicionais compuseram produções com um acabamento rústico, que não deixava de ser elegante. As narrativas nordestinas foram a inspiração e o destaque dos looks produzidos pela Berimbau Brasil.
Berimbau Brasil (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Notequal – Universo do Circo
A marca apresentou na passarela uma poética estética com inspiração nos circos e marcada por referências a culturas nômades, como a cigana e a quilombola. Na colaboração com a The Artist, o desfile misturou jeans desgastados com seda, estampas coloridas e babados que remetem a estética dos circos.
NOTEQUAL (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Studio Ellias Kaleb – Extinção animal e apelo ambiental
Com forte inspiração na urgência ambiental, a coleção apresentada refletiu sobre as espécies ameaçadas e extintas. A marca utilizou algodão reciclado, tecidos reaproveitados e acessórios feitos com garrafas PET, enaltecendo a reciclagem e reutilização de matérias usadas.
Studio Ellias Kaleb (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Fkwallyspubkcouture – Estética punk rock e cultura árabe
A Fkwallyspubkcouture trouxe uma fusão de ousadia da influência árabe, punk rock e estéticas dos anos 70. Volumes exagerados, alfaiataria desconstruída e uma paleta, ao mesmo tempo, vibrante e punk, compuseram produções que celebram o caos e a liberdade, onde as misturas celebram a expressão criativa.
Fkwallyspubkcouture (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Le Benites – Fantasia afetiva e mundo real
Fechando a noite, a coleção final apresentou uma narrativa íntima e sensível, inspirada em tecidos descobertos que deram voz aos monstros da juventude e remeteram ao lema “Forever Young”. Os looks misturam uma combinação de tons sóbrios com toques de pink, brilho, listras e franjas.
Le Benites (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
No encerramento desse quinto dia, as cinco marcas exploraram temáticas variadas, da floresta ao urbano, da ancestralidade ao futuro. A Casa de Criadores mais uma vez transmitiu a identidade autoral forte que eles defendem, tornando o evento uma vitrine da moda brasileira.
