Israel inicia novos ataques contra o Irã e emite ordem de retirada

As Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram comunicado sobre novos ataques contra várias cidades do Irã, nesta quinta-feira (19). Em declaração, as autoridades informam que um reator nuclear inativo na região iraniana de Arak foi alvejado. Nesta nova operação, foram utilizados 40 caças da Força Aérea israelense, atingindo também a capital Teerã. 

A nota informa que a construção do reator, iniciada em 1997, somente não foi concluída por pressão da comunidade internacional, que se posicionou contra a produção de armamento nuclear iraniana. A instalação em Arak, segundo declarou, foi projetada para produzir plutônio de alto rendimento, um dos componentes utilizados a fim de desenvolver armas nucleares. 

Nesse tipo de armamento, o plutônio age para a liberação de grande quantidade de energia, ocasionando uma reação em cadeia com explosões sucessivas. Na região, além de plutônio, havia também óxido de deutério, popularmente conhecido como “água pesada”, outro componente utilizado na produção de armamento nuclear, servindo como base para geração de energia. 

Segundo informações, muitos acordos foram feitos para que os reatores das instalações nucleares na região de Arak fossem convertidos para a produção de plutônio de baixo rendimento, impedindo assim que o componente pudesse ser utilizado para o desenvolvimento de armas nucleares. A nota, emitida pelo IDF, informa que o Irã rejeitou essa proposta.


Comunicado das Forças de Defesa Israelenses sobre ataques contra a região de Arak (Vídeo: reprodução/X/@idfonline)

Na noite de ontem, quarta-feira (18), horário de Brasília, as Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram um comunicado para que a população iraniana nas cidades de Arak e Khondab deixasse os locais, informando que as vidas delas estariam em risco caso não saíssem da região. Outras regiões, como as cidades de Natanz e Teerã, também foram atingidas.

Ataques mútuos

Desde o início do conflito, os dias estão marcados por ataques dos dois lados, com promessas de eliminação e destruição em massa. Tanto o governo israelense quanto o governo iraniano têm realizado várias publicações com a cronologia dos fatos, cada um com sua versão. O fato é que o número de mortos e feridos é alto. Segundo informações, estima-se que no Irã, as vítimas estejam entre 500 e 600 mortos. Em Israel, calcula-se entre 20 e 24. Autoridades do Irã falam em mais de 200 mortos israelenses. 


Publicação sobre feridos em um prédio atingido na cidade israelense de Haifa (Foto: reprodução/X/@MOSSADil)

O número de feridos pelos bombardeios faz com que hospitais iranianos e israelenses trabalhem em sua capacidade máxima. Nas cidades de Teerã e Isfahan, no Irã, os hospitais estão sobrecarregados. Estima-se que mais de 1.300 pessoas foram gravemente feridas no país desde o início da ofensiva. Em Israel, o número de pessoas feridas está em torno de 600. As cidades de Haifa, Tel Aviv e Bat Yam concentram o maior número de casos. 

Novos militares iranianos foram nomeados para ocupar o lugar dos generais mortos no início do conflito. Entre eles, o brigadeiro general Sayyid Majid Mousavi, para a posição de Comandante da Força Aeroespacial do IRGC. A nomeação foi feita pelo líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, que prometeu “desferir duros golpes” contra Israel, a quem ele chama de regime sionista.

Pressão internacional e diplomacia

A comunidade internacional tem se posicionado de maneira estratégica para a resolução do conflito entre Israel e Irã, visando um cessar-fogo imediato, evitando uma escalada no Oriente Médio. Países como China, Rússia, Egito, França, Turquia e os EUA têm procurado intermediar as negociações com os dois países envolvidos. A região é conhecida pela grande produção de petróleo e a oscilação no preço do produto pode desestabilizar a economia global, causando impacto direto nos países exportadores e compradores.

No entanto, os EUA, por meio de seus interlocutores, têm feito declarações de apoio a seu aliado no Oriente Médio. O presidente estadunidense Donald Trump tem declarado por meio de suas redes sociais apoio incondicional a Israel. Em uma das postagens, Trump exige a rendição do líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, e a evacuação em massa da capital iraniana, Teerã. 


Publicação sobre evacuação em massa da capital iraniana, Teerã (Vídeo: reprodução/X/@MOSSADil)

Após as falas de Donald Trump, até o momento, milhares de pessoas deixaram a cidade de Teerã temendo um ataque estadunidense em apoio a Israel. A evacuação em massa gerou caos em redes de supermercados, postos de gasolinas, causando quilômetros de congestionamento, implementando abrigos improvisados e lotação nos transportes públicos. Os destinos mais acessados, segundo informações das mídias locais, são cidades iranianas ao norte do país, entre elas Alborz, Gilan e Mazandaran.

O conflito armado entre Israel e Irã, iniciado na madrugada, horário local, do dia 13 de junho (2025), entra hoje em seu sétimo dia e, apesar da pressão de grandes potências mundiais e organizações multilaterais, não dá sinais de que haverá um cessar-fogo em breve. Com a possível entrada dos EUA no conflito, lutando ao lado de Israel e demais aliados, o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, informa que lutará até o fim e a entrada dos estadunidenses na ofensiva “causará danos irreparáveis”, afirmando que a nação iraniana não se renderá.

Agência Internacional da ONU alerta que Irã está próximo de produzir bomba nuclear

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, emitiu um alerta, informando que o Irã está muito próximo de obter capacidade para produzir uma bomba nuclear. O alerta preocupa a todos diante do cenário de crescentes tensões na comunidade internacional.

O Irã está sob observação, gerando apreensão com os avanços do programa nuclear. Por anos o país enfrenta diversas sanções por seu desenvolvimento atômico, mas mesmo assim continua ampliando suas atividades de enriquecimento de urânio, ampliando as incertezas e tensões quanto ao futuro das negociações diplomáticas.

Avanços preocupantes

Embora o Irã afirme que seu programa possui fins pacíficos, as inspeções estão encontrando crescentes barreiras para monitorar as instalações nucleares iranianas, causando ainda mais dificuldade na transparência e aumentando os temores sobre as intenções ocultas do país.


Foto: Mísseis iranianos exibidos em parque no Teerã-IR em janeiro de 2024 (Foto: reprodução/Majid Saeedi/AFP/Embed/Getty Images)


A AIEA destacou que o nível de pureza do urânio adquirido pelo Irã é alarmante, pois o país está bem próximo dos 90%, quantidade suficiente para a fabricação de uma arma nuclear. As autoridades internacionais enfatizaram que o domínio dessa tecnologia representa uma ameaça para o cenário internacional.

Repercussões e desafios

A revelação da AIEA retomou debates sobre a eficácia do acordo nuclear de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018. Desde então, o Irã está expandindo suas atividades nucleares como resposta às sanções econômicas. Os líderes globais, como os dos EUA e da União Europeia, reforçaram a necessidade de retomar as negociações para evitar uma escalada de conflitos.

Entretanto, especialistas alertam que o tempo está se esgotando, enquanto aumenta a chance de acontecer uma possível corrida armamentista na região. A comunidade internacional agora enfrenta o desafio de equilibrar a pressão política e busca um diálogo para evitar uma crise nuclear de grandes proporções.