Na apresentação da coleção Armani Privé de outono-inverno 2025, o preto se revela em todas as suas possibilidades. Longe de ser apenas um tom seguro ou discreto, a cor ganha vida nova nas mãos do mestre da elegância. Celebrando os 20 anos da linha de alta-costura da marca, o desfile foi realizado no novo Palazzo Armani, em Paris, sede que concentra ateliê, showroom e escritório do estilista.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Thomas Samson/Getty Images Embed)
Comandado à distância por Giorgio Armani, que se ausentou por motivos de saúde, o desfile manteve seu rigor criativo. Mesmo sem a presença física do estilista, sua assinatura estava em cada detalhe: dos smokings de veludo aos bordados luminosos, passando por casacos esculturais e laços dramáticos que adicionam teatralidade à coleção. A ausência foi sentida, mas a reverência ao seu legado foi ainda mais evidente.
Alta-costura com intensidade e leveza
O preto, cor predominante, é trabalhado para criar profundidade, textura e contraste. Nas mãos da Armani Privé, ele se desdobra em tule, organza, cetim e veludo. Há peças que desafiam a rigidez do tailoring tradicional com volumes suaves e acabamentos que revelam um diálogo constante entre arquitetura e delicadeza.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images Embed)
A paleta monocromática não limita, mas amplia as possibilidades da forma. Casacos ganham formas arredondadas, ombros bem definidos e proporções que alternam entre o minimalismo e a opulência. Em alguns looks, bordados brilham como constelações. Os laços aplicados em vestidos e blusas trazem uma nota de romantismo gráfico e preciso.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Os acessórios, como boinas estruturadas e joias discretas, completam a narrativa visual com sobriedade e sofisticação, reforçando a precisão estética da coleção. Cada elemento é pensado para compor um equilíbrio entre o clássico e o contemporâneo, adicionando camadas de significado sem competir com as peças principais.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Desfile íntimo, resultado grandioso
A escolha do local, o próprio escritório do estilista em Paris, reforça o caráter intimista da apresentação. O novo Palazzo Armani, sede da alta-costura da marca, foi o cenário ideal para uma experiência que privilegiou a proximidade, o silêncio e a contemplação. Com poucas cadeiras e uma seleção cuidadosa de convidados, o ambiente permitiu que cada detalhe fosse apreciado com atenção, dos tecidos em movimento à construção das silhuetas.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Essa atmosfera reservada deu ainda mais destaque ao desfile, que dispensou qualquer espetáculo grandioso para focar na essência da alta-costura: o rigor técnico, o acabamento artesanal e o olhar refinado para proporções, texturas e gestos. A ausência de Giorgio Armani, que acompanhou tudo à distância por questões de saúde, foi sentida, mas também serviu para exaltar sua presença simbólica em cada peça, resultado de uma direção criativa que permanece coesa, firme e sofisticada.
Modelo para Giorgio Armani Prive (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Mesmo em preto absoluto, Giorgio Armani prova que a alta-costura pode ser tudo, menos previsível. Ao transformar o tom mais clássico da moda em protagonista de sua narrativa, ele reafirma que elegância é, acima de tudo, uma questão de atitude. E mostra, mais uma vez, que o futuro da sofisticação está justamente na capacidade de reinventar o essencial. Mais do que uma coleção, Armani Privé entrega um manifesto silencioso sobre o poder da contenção, da forma e da intuição estética. Em tempos em que o excesso muitas vezes domina as passarelas, Giorgio Armani reafirma que a verdadeira sofisticação está nos gestos precisos, nas escolhas sutis e na beleza atemporal do que é feito com propósito.
