PatBo celebra “Alma Latina” e lança linha autoral de sapatos em retorno triunfante à NYFW

No dia 16 de setembro de 2025, a grife brasileira PatBo tomou sua posição como única marca brasileira no calendário oficial da New York Fashion Week, apresentando sua coleção Verão 2026 intitulada Alma Latina. Sob o comando criativo de Patrícia Bonaldi, o desfile simboliza um mergulho em sua própria identidade, uma declaração de pertencimento, orgulho cultural e experimentação estética. 

Ícones, inspirações e estética

A coleção Alma Latina extraiu inspiração de figuras femininas marcantes da cultura latino-global, como Carmen Miranda, Carmen Costa, Frida Kahlo, Elza Soares, Shakira e Rosalía — mulheres que combinam arte, resistência e identidade. Visualmente, a coleção aposta muito em contrastes: volumes inflados, silhuetas que celebram a forma feminina, cortes com recortes estratégicos, transparências, tule, rendas, tecidos fluidos, e uma atmosfera sensual porém trabalhada, que busca dialogar com o corpo sem expor de forma gratuita.


Desfile PatBo (Foto: reprodução/John Lamparski/Getty imagens Embed)


A paleta de cores é variada, transitando entre tons terrosos e cores vibrantes que evocam o tropicalismo latino, o calor, o gesto visual que celebra a natureza, a flora, a vida. Um destaque visual e simbólico: a flor de lótus foi eleita como novo ícone da marca, presente não só nas estampas e aviamentos, mas também na identidade da recém-lançada linha de sapatos.


Desfile PatBo (Foto: reprodução/John Lamparski/Getty imagens Embed)


A criatividade da coleção e o olhar de Patricia Bonaldi

Ao longo dos anos, Bonaldi construiu um caminho sólido, apostando em algo que parecia contra a maré da indústria: em vez de abrir mão do artesanal para competir em escala, ela transformou a técnica manual em diferencial de luxo. Isso permitiu que sua marca dialogasse com consumidoras em busca de exclusividade e autenticidade, e a levou a alcançar grandes multimarcas e plataformas internacionais, como a Bergdorf Goodman e a Saks Fifth Avenue.

Em entrevista à Elle Brasil, dias antes do desfile, Patrícia disse:

Queria trazer um lado mais íntimo meu e reforçar o orgulho de ser quem a gente é, lembrar que existimos e fazemos coisas incríveis.” 

Com a nova fase, Bonaldi mostra ambição em duas frentes: consolidar a PatBo como player global e, ao mesmo tempo, criar novos pilares de negócio, como a linha de sapatos. Mas ela reconhece os desafios: tarifas, logística, escala e adaptação ao gosto de um público internacional que muitas vezes busca peças mais “resort” ou do dia a dia.

É nesse equilíbrio entre exuberância e usabilidade que a estilista se reinventa — sem perder a força de seu discurso visual. Sobre a linha de sapatos, ela acrescenta: “Nunca quis que o sapato fosse só um complemento”, reforçando que enxerga o calçado como uma peça de identidade própria, capaz de dialogar com o estilo da coleção e, ao mesmo tempo, de se sustentar como produto estratégico no crescimento da marca.


Desfile PatBo (Foto: reprodução/John Lamparski/Getty imagens Embed)


Desafios e impacto internacional

A PatBo com Alma Latina reafirma que não é apenas moda: é discurso visual, identidade cultural, aposta de negócio. Patrícia Bonaldi mostra que é possível combinar espetáculo e intimidade, brasilidade sem ser exótico, e crescimento internacional sem abrir mão da origem dos gestos artísticos e artesanais.

Mas a marca conta com desafios, sustentar o alto nível de detalhamento artesanal em escala internacional, já que os custos com mão de obra especializada, técnicas de acabamento, logística e tarifas se tornam mais elevados. E no caso da nova linha de sapatos, soma-se ainda a exigência de domínio técnico para garantir não apenas impacto visual, mas também conforto e qualidade no calce.

Entretanto, o desfile em Nova York e o lançamento da linha de sapatos não são apenas marcos estéticos, mas estratégicos — marcam um amadurecimento da marca, uma disposição de correr riscos e de afirmar protagonismo cultural. E talvez, seja esse equilíbrio entre arte e comércio, entre identidade e existência, que define não só o sucesso da PatBo, mas o caminho de marcas brasileiras no cenário global.

Rock in Rio 2024: Brasilidade é resgatada pela performance de artistas em “Pra sempre MPB” no Palco Mundo

Um encontro inédito de grandes artistas brasileiros da MPB abrilhantou o Palco Mundo na noite deste sábado (21). Foi um momento especial para celebrar a nossa música e inspirar transformações que possam contribuir para a construção de um mundo melhor.

Dia dedicado ao Brasil coloca o país de frente para o espelho

O icônico cantor de “Secos e Molhados” abriu o show, cantando em ritmo suave. “Poema”, “Balada do louco” e “Pro dia nascer feliz” foi o repertório escolhido por Ney Matogrosso. Ao som dessas canções, um telão em formato de bandeira do Brasil projetava imagens brasileiras da fauna, flora, indígenas e negros com suas culturas, rios, mares e queimadas, lembrando que o país está em chamas.


Zeca Baleiro faz homenagem a Charlie Brown Jr (Vídeo: reprodução/Instagram/@gshow)


“Heavy metal do senhor”, “Proibida para mim” e “Telegrama” foram apresentadas por Zeca Baleiro com sua voz peculiar.  Zeca chamou Gaby Amarantos, que entrou segurando uma bandeira do Brasil, em um look mega extravagante. A paraense, com seu estilo tecno-brega, reforçou a importância do empoderamento feminino. Ao som de “Ex mai love”, a plateia foi ao delírio. Inesperadamente, Majur entrou cantando “Xirley” com Gaby. A parceria foi aplaudida pelos fãs.


Majur e Gaby Amarantos em perfeita sincronia (Vídeo: Reprodução/Instagram/@rockinrio/youtube)


 

A inclusão das minorias vem ganhando espaço

Majur enfatizou a importância daquele momento. Ela jamais poderia imaginar que um dia estaria naquele palco, e salientou a importância de não desistir dos sonhos. Enquanto cantava “Andarilho”, o público ligou a lanterna do celular, e o que se viu foi um céu estrelado na plateia.   A artista também tocou piano, enquanto cantava “Amarelo”.  A arte de Majur reflete uma jornada de autodescoberta e empoderamento. Ela tornou-se um ponto de inspiração na luta pela visibilidade e respeito às pessoas trans.  

O grupo Baianasystem encheu a cidade do rock com som de tambores, característico da musicalidade soteropolitana.  A banda é conhecida por fazer uma mix singular e inovador de ritmos, refletindo a diversidade cultural do Brasil

Uma das maiores interações com a plateia foi feita por Carlinhos Brown. Passeando pelo universo do samba, ligado ao axé e representante da MPB, o cantor escolheu um repertório bem eclético. Saiu de “Seu Zé” e “Uma brasileira”, indo parar em “Já sei namorar”. Ele cantou à capela “Água mineral” com a plateia. A empolgação foi tanta que parecia carnaval.


Daniela Mercury performando “O Canto da Cidade” no Rock In Rio (Vídeo: Reprodução/Instagram/@rockinrio/@danielamercury)


Daniela Mercury, que era a sensação da noite, entrou após uma pausa, o que quebrou, um pouco, o ritmo. Ela e os músicos estavam todos vestidos de branco. O visual e o ritmo musical reportavam à cena de religiões de matriz africana. A rainha do axé cantou sucessos inesquecíveis como “Rapunzel”, “Maimbê dandá”, “Swing da cor”, “Nobre vagabundo”. Ao cantar “Macunaíma”, Daniela lembrou a “Antropofagia”, manifestação artística brasileira.

A proposta “Para sempre MPB”, explorando elementos que compõem a identidade brasileira, foi entregue. Os cantores trouxeram para o palco, canções que refletem a diversidade cultural e histórica do país. No entanto, faltou interação entre os artistas. Apenas Majur e Gaby, Majur e Baianasystem cantaram juntas. Houve um vácuo entre Baianasystem e Carlinhos, e entre Carlinhos e Daniela. Talvez, o problema tenha sido o atraso que houve neste penúltimo dia de festival.