Instituto Butantan inicia produção de vacina contra dengue em São Paulo

O Instituto Butantan começou a fabricar as primeiras doses da vacina contra a dengue em São Paulo. A expectativa é produzir 1 milhão de doses neste ano e alcançar 100 milhões até 2027. Em dezembro de 2024, o Butantan concluiu o envio dos documentos necessários para a submissão do registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atualmente analisa o material sem prazo definido para conclusão.

A vacina Butantan-DV, desenvolvida ao longo de décadas, apresentou eficácia geral de 79,6% e proteção de 89% contra casos graves da doença. Se aprovada, será a primeira vacina contra a dengue no mundo administrada em dose única, oferecendo proteção contra os quatro sorotipos do vírus para indivíduos entre 2 e 60 anos.


Instituto Butantan iniciou a produção dos imunizantes contra dengue (Vídeo: Reprodução / YouTube / CNN)

Produção e inovação tecnológica

A fabricação da vacina Butantan-DV está sendo realizada no “prédio da dengue”, uma instalação especializada dentro do Instituto Butantan, em São Paulo. As primeiras doses começaram a ser produzidas em janeiro de 2025, com previsão de fabricação de 1 milhão de unidades até o final do ano. Em um futuro próximo, a capacidade de produção deve alcançar 100 milhões de doses anuais, tornando o Brasil um dos maiores produtores mundiais de vacinas contra dengue.

O processo de produção inclui a preparação da vacina em forma líquida, que será envasada em frascos esterilizados. Posteriormente, ela passará por um processo de liofilização, transformando-se em pó. Essa tecnologia facilita o transporte e a conservação, garantindo que o imunizante chegue em perfeito estado às unidades de saúde em todo o Brasil. Antes da aplicação, o pó será reconstituído para injeção intramuscular, assegurando a eficácia da proteção.

Aprovação pela Anvisa e impacto na saúde pública

A vacina está em fase de análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em dezembro de 2024, o Instituto Butantan finalizou o envio de toda a documentação necessária para a submissão do registro. O processo está em andamento, mas ainda não há um prazo estabelecido para a aprovação. Especialistas do Butantan ressaltam que, uma vez autorizada, a vacina será a primeira no mundo administrada em dose única para dengue, garantindo praticidade e alta cobertura populacional.

O impacto na saúde pública promete ser significativo. Em 2024, o Brasil registrou mais de 2 milhões de casos de dengue apenas no estado de São Paulo, resultando em mais de 2.000 mortes. A introdução de um imunizante eficaz é essencial para conter a proliferação da doença, especialmente em áreas endêmicas. Além de reduzir os casos graves, a vacina poderá diminuir as hospitalizações, desafogando o sistema de saúde.

Butantan solicita aprovação de vacina contra a dengue à Anvisa

O Instituto Butantan entregou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta segunda-feira (16) a última remessa dos documentos necessários para a aprovação da vacina contra a dengue. Este será o primeiro imunizante do mundo de dose única contra a doença.

Caso a vacina seja aprovada e incorporada no Programa Nacional de Imunizações, o Instituto poderá disponibilizar 100 milhões de doses para o Ministério da Saúde nos próximos três anos.

Testes encerrados

Os testes clínicos do “Butantan-DV” foram finalizados em junho deste ano após o último participante completar 5 anos de acompanhamento. Os estudos envolveram 16.235 participantes com idades de 2 a 59 anos.

Os dados foram divulgados na revista científica The New England Journal of Medicine no início deste ano indicando uma eficácia geral de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos de dengue. Os resultados foram ainda melhores entre aqueles que possuíam histórico prévio da doença, 89,2%. Vale lembrar que o quadro de reinfecção costuma ser mais grave.

De acordo com o Butantan os resultados da terceira fase de testes, publicada na The Lancet Infectious Diseases comprovaram a proteção de 89% em casos de dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos.


Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue (Foto: reprodução/Pexels)

Segundo o diretor do instituto Butantan, Esper Kallás, o imunizante é um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história do país e uma grande conquista ao nível internacional. Sobre a avaliação, o infectologista disse que vai aguardar e respeitar todos os procedimentos e estão “confiantes nos resultados que virão”.

É um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história do país e uma enorme conquista em nível internacional. Que o Instituto Butantan possa contribuir com a primeira vacina do mundo em dose única contra a dengue mostra que vale a pena investir na pesquisa feita no Brasil e no desenvolvimento interno de imunobiológicos.”

Esper Kallás, Infectologista e diretor do instituto

Em nota, a Anvisa confirmou o recebimento do pedido e afirmou que os documentos serão distribuídos para a análise, que será iniciada nos próximos dias.

Butantan solicita pedido para Anvisa iniciar testes de vacina contra gripe aviária em humanos

Nesta segunda-feira (12), o Instituto Butantan, localizado em São Paulo, fez a solicitação à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para que se iniciem testes de uma vacina contra a gripe aviária em humanos. A resposta da Anvisa deve chegar em até 90 dias, tendo em vista o tempo de análise e conclusão dos especialistas, separados em três etapas, para ser dada a liberação ou não.


Vídeo informativo sobre a gripe aviária (Vídeo: Reprodução/YouTube/BBC News Brasil)

Objetivos e pedido do Butantan

Como foi dito, o Instituto Butantan busca a aprovação dos testes da vacina da gripe aviária em humanos em caso de uma propagação maior do vírus Influenza, muito frequente entre os animais, porém podendo resultar em infecções mais pesadas em humanos. Com isso, evitando que essas infecções existam em uma larga escala, e se torne uma nova pandemia, como explicou o diretor do instituto, Esper Kallás:

Ter uma vacina pronta, com uma plataforma já testada, que mostra que produz anticorpos, é o objetivo do Butantan. Não é para já comercializar, mas para propor um estoque estratégico. Caso o Ministério da Saúde precise acionar, o Butantan estará pronto para fornecer…

Esper Kallás, infectologista e diretor do Instituto Butantan

Em 2023, o Butantan iniciou o desenvolvimento de doses combatentes de diferentes variações da gripe aviária, atento ao aumento da propagação pelo mundo. Agora, em 2024, o Instituto defende que a Anvisa aprove os testes em humanos, para haver um estoque estratégico, como proteção a uma nova pandemia.

Sintomas da gripe aviária

O vírus Influenza, que afeta principalmente animais, porém existem casos graves em que afetou humanos, tem sintomas parecidos com uma forte gripe, com algumas especificações. Tosse, corrimento nasal, falta de ar e complicações respiratórias estão entre os sintomas trazidos pelo vírus.

A gripe aviária, que também pode ser chamada de Influenza aviária A (H5N1), também traz dores nos músculos, com dor de cabeça e dor de garganta, sintomas que estão em outras doenças, porém fazem parte da gripe em questão.

Estudo conclui que vacina contra dengue produzida pelo Instituto Butantan tem eficácia de 79,6%

Nesta quarta-feira (31), a revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) publicou resultados de uma pesquisa na  qual comprovou a eficácia geral de 79,6% da nova vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.

A taxa de eficácia é semelhante ao novo imunizante produzido em laboratório japonês, Qdenga,  que recentemente entrou para a lista das vacinas que serão ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante japonês registrou 80,2% de eficácia nas pesquisas e será aplicado através de duas doses. Já no  caso da vacina brasileira, nomeada como Butantan-DV,  tem previsão de iniciar sua distribuição a partir de 2025 e sua  aplicação será em dose única. 


Imunizante Butantan-DV está sendo desenvolvido há mais de 10 anos. (foto: Reprodução/Governo de São Paulo)

Pesquisa e desenvolvimento

Liderado por Ésper Kallás e Fernanda Castro Boulos, o novo imunizante brasileiro produzido pelo Instituto Butantan está em desenvolvimento há mais de 10 anos. Com participação de diversas instituições brasileiras e norte-americanas, a vacina é financiada pela farmacêutica alemã Merck, ao lado do Governo Federal e da Fapesp, órgão estadual de fomento à pesquisa do estado de  São Paulo.

Atualmente, as pesquisas para conclusão da vacina estão em período de acompanhamento da terceira fase clínica, ou seja, os pesquisadores estão monitorando a evolução dos voluntários que tiveram contato com o imunizante. Ao todo, mais de 16 mil voluntários de 15 cidades brasileiras participaram desta fase três de testes, etapa na qual se iniciou em 2016 e foi finalizada em 2019. Dessa forma, a previsão é que todos os indivíduos completem cinco anos de acompanhamento neste ano e a etapa de monitoramento seja concluída. 

As etapas anteriores da pesquisa mostraram resultados convincentes aos pesquisadores, durante a fase um de testes, por exemplo, o imunizante do Butantan mostrou que ele induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

Já o teste clínico de fase dois, mostrou que a vacina induziu a produção de anticorpos e de células de defesa em pessoas com ou sem contato prévio com todos os sorotipos da dengue. Portanto, o novo imunizante brasileiro se mostrou altamente eficaz na proteção contra todos os tipos diferentes de vírus que a doença possui. 

Resultados

Dentre os resultados obtidos através das três fases pelas quais a vacina brasileira passou, observou-se uma porcentagem superior de eficácia entre os indivíduos que já tinham tido dengue (89,2%), em relação aos voluntários que nunca tinham tido contato com o vírus (73,6%). Além disso, os estudos mostraram que a Butantan-DV  tem eficácia maior no grupo de e  adultos, entre 18 e 59 anos.

Ainda de acordo com as pesquisas, as reações adversas dos voluntários que tomaram o imunizante foram leves, 36,4% se queixaram de dores de cabeça, 22,5% apresentou vermelhidão corporal e 19,3% sentiu fraqueza muscular. Ao que tudo indica, ainda neste ano se encerrará o período de monitoramento da fase três. Assim, todos os resultados serão analisados por uma comissão independente e só então serão submetidos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).