Obesidade crescente: estudo do INC traz dados alarmantes sobre a saúde cardiovascular no Brasil

Um estudo recente do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) trouxe à tona uma preocupação expressiva sobre a saúde cardiovascular nas capitais brasileiras, revelando uma tendência alarmante de crescimento da obesidade.

Pela primeira vez na série histórica, dados do artigo “Análise temporal da prevalência da obesidade e do sobrepeso no Brasil entre 2006 e 2023: evidências a partir dos dados do Vigitel” mostram que o percentual de adultos com sobrepeso ultrapassou aqueles com peso normal.

Os pesquisadores Arn Migowski e Gustavo Tavares Lameiro da Costa lideraram o estudo, utilizando o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).


A saúde cardiovascular é crucial para o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos, sendo influenciada por fatores como dieta, exercícios e genética (Foto: reprodução/The Conversation)

Estatísticas

Os resultados revelam que mais de 50% dos brasileiros agora estão acima do peso, com o sobrepeso atingindo 38,45%, superando os 36,93% daqueles com peso normal. Além disso, os índices de obesidade atingiram 24,62%.

A diretora do INC, cardiologista Aurora Issa, destaca que o excesso de peso é a segunda maior causa evitável de morte, ficando atrás apenas do tabagismo. Doenças cardiovasculares, câncer e diabetes tipo 2 estão fortemente associados a esse problema de saúde, ressaltando a importância crítica de abordar essa questão.

O estudo categoriza a população adulta das capitais em três grupos com base no índice de massa corporal (IMC), evidenciando um aumento preocupante do índice de excesso de peso ao longo dos anos. Notavelmente, entre os jovens adultos, a prevalência de excesso de peso cresceu de 21,57% em 2006 para 36,55% em 2023, apontando para um cenário preocupante no longo prazo.

Um aspecto que merece atenção é o declínio acentuado na proporção de mulheres com peso normal, diminuindo de 59,29% em 2006 para 38,75% em 2023. Entre os homens, a diminuição foi menos pronunciada, passando de 51,61% para 34,93% no mesmo período.

Alerta para a população

O epidemiologista Arn Migowski destaca a situação alarmante, indicando que a proporção de pessoas com excesso de peso superou os 63% em 2023. O estudo ressalta a necessidade urgente de intervenções eficazes e medidas de conscientização para reverter essa tendência preocupante na saúde cardiovascular da população.

A obesidade, além de questões estéticas, vem sendo desafio crítico para a saúde do coração. Especialistas alertam que essa condição está diretamente ligada a uma série de problemas cardíacos, aumentando os riscos de doenças coronarianas, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, pressão alta, dislipidemia e diabetes tipo 2.

O perigo do sedentarismo

Complicações respiratórias, como apneia do sono, também são consequências da obesidade, impactando negativamente a saúde cardíaca. O estilo de vida sedentário, comumente associado à obesidade, contribui para o declínio da saúde cardiovascular.

Diante desse cenário, a conscientização sobre os riscos associados à obesidade e a promoção de hábitos de vida saudáveis tornam-se imperativas para mitigar os impactos adversos na saúde da população em larga escala.

Passar longo período sentado aumenta risco de morte precoce em 16%, diz estudo

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Médica de Taipei, em Taiwan, revela que passar longos períodos sentado no trabalho está associado a um aumento significativo de 16% no risco de morte precoce. A pesquisa, publicada na revista científica JAMA Network Open, analisou dados de saúde de quase meio milhão de indivíduos ao longo de duas décadas.

Risco aumentado de morte precoce e doenças cardiovasculares


Cientistas identificam pessoas que ficam sentadas por períodos prolongados têm risco maior de morte prematura comparado com quem são ativos fisicamente (Foto: reprodução/Freepik)

Os cientistas observaram que aqueles que permaneciam sentados por períodos prolongados tinham 16% mais chances de enfrentar uma morte precoce em comparação com seus colegas mais ativos. 

Além disso, o risco de morte por doenças cardiovasculares aumentou em impressionantes 34% entre os indivíduos que passaram mais tempo sentados durante o expediente.

Detalhes da pesquisa e ajustes por fatores de estilo de vida

O estudo abrangeu uma amostra de 481.688 pessoas, analisando dados relacionados ao trabalho, nível de atividade física e outros fatores de estilo de vida. Ao longo das duas décadas, os pesquisadores ajustaram os resultados levando em consideração sexo, idade, tabagismo, consumo de álcool e índice de massa corporal (IMC).

Estilo de vida “combinado” e seus benefícios

Os resultados revelaram que aqueles que mantinham um estilo de vida “combinado”, alternando entre períodos sentados e em pé no trabalho, não apresentavam um risco significativamente maior de morte. 

Surpreendentemente, indivíduos que tinham uma vida profissional sedentária, mas praticavam exercícios físicos durante o tempo livre, experimentaram um risco reduzido de mortalidade, tanto por todas as causas quanto por doenças cardiovasculares.

Estratégias para mitigar os riscos

Os cientistas sugerem que o aumento do risco de morte e doenças cardíacas pode ser compensado com a prática diária de 15 a 30 minutos de exercícios vigorosos. Ao longo dos 20 anos de estudo, ocorreram 26.257 mortes, sendo 57% delas associadas a longos períodos sentados no trabalho. Dessas mortes, 60% estavam relacionadas a doenças cardiovasculares.

Recomendações e mudanças necessárias

Diante dessas descobertas, os pesquisadores recomendam a incorporação de pausas regulares durante o expediente e a prática de atividade física adicional para mitigar os riscos. O autor principal, Wayne Gao, da Universidade Médica de Taipei, ressalta a importância de abordar a sessão ocupacional prolongada.