Rio Grande do Sul enfrenta alívio parcial nas cheias mas risco de inundações persiste

De acordo com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema), o estado não registrou chuvas significativas nas últimas 24 horas, conforme atualização divulgada nesta quarta-feira (15).

Os rios Taquari e Caí apresentaram redução nos níveis ao longo de seus percursos e estão saindo da cota de inundação. No entanto, as fozes de ambos permanecem cheias, com elevado volume de água nos pontos onde desaguam.

O Rio Taquari percorre cidades como Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul. Já o Rio Caí margeia municípios como Feliz, Montenegro e São Sebastião do Caí.

Estabilidade no Lago Guaíba

O nível do Lago Guaíba manteve-se estável nas últimas horas e deve continuar assim ao longo do dia. A cheia deve se prolongar durante a semana em Porto Alegre, pois o lago ainda está escoando as águas das demais bacias.

Em contraste, o Rio dos Sinos, que passa por São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo, e a Lagoa dos Patos, no sul do estado, seguem em elevação. Apesar da estabilidade momentânea na Lagoa dos Patos, novas cheias são esperadas com a chegada das águas de regiões mais ao norte.

Recuo lento do Guaíba

Na terça-feira (14), o nível do Guaíba atingiu 5,25 metros, mas recuou para 5,22 metros às 6h15 e para 5,21 metros às 10h15 desta quarta-feira. Em Porto Alegre, a água começou a recuar em algumas ruas.


Na última terça-feira, o Guaíba baixou até 5,21 metros; a tendência é de queda (Fotografia: Reprodução/Instagram/@gustavo.mansur)

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) preveem que o nível do Guaíba deve continuar a baixar nos próximos dias, podendo atingir 4 metros entre os dias 19 e 21 de maio. A cota de inundação é de 3 metros.

A cidade de Guaíba, situada às margens do lago, ordenou a evacuação imediata de dois bairros devido ao risco de inundações.

Desalojados e abrigos

Milhares de pessoas tiveram que abandonar suas casas após o transbordamento do lago, que inundou principalmente os bairros das regiões Norte, Central e Sul de Porto Alegre. O aeroporto Salgado Filho e a estação rodoviária também foram afetados. De acordo com a prefeitura, 13,9 mil pessoas estão abrigadas em 155 locais.

Nível do rio Guaíba baixa 8 centímetros nas últimas 24 horas

O monitoramento constante do nível do Guaíba, em Porto Alegre, revela uma redução de 8 centímetros em um período de 24 horas, de acordo com dados obtidos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no Cais Mauá, às 6h15 desta quinta-feira (9).

Comparativamente, a medição realizada no mesmo horário na quarta-feira (8) apontava um nível de 5,12 metros, enquanto nesta quinta-feira registrou-se 5,04 metros, representando uma diminuição de 8 centímetros.

Apesar dessa diminuição, o Guaíba ainda mantém-se mais de 2 metros acima da cota de inundação, estipulada em 3 metros. Contudo, há relatos de estabilidade e até recuo das águas em algumas áreas da capital, conforme observado por residentes que monitoram os alagamentos em suas proximidades.

Os impactos persistentes das chuvas

A situação das chuvas intensas que têm assolado o estado do Rio Grande do Sul reflete-se nos números alarmantes divulgados pela Defesa Civil. Até o momento, o total de óbitos chega a 107, com um caso em investigação. Além disso, há 136 desaparecidos e 374 feridos, enquanto mais de 232 mil pessoas encontram-se desabrigadas ou desalojadas.


Na medição de hoje (9), o nível do Guaíba foi registrado em 5,04 metros, permanecendo acima da cota de inundação estipulada em 3 metros (Fotografia: Reprodução/Max Peixoto/Estadão/G1)


Os impactos dessas condições climáticas adversas estendem-se por 425 dos 497 municípios gaúchos, afetando aproximadamente 1,476 milhão de habitantes. Os serviços, a educação e os transportes estão entre os setores mais comprometidos.

Situação atual de Porto Alegre

Em áreas centrais de Porto Alegre, a situação é crítica, com alagamentos generalizados após o transbordamento do lago. Tanto o aeroporto quanto a rodoviária encontram-se inoperantes devido à inundação.

No bairro Menino Deus, uma das regiões evacuadas pela prefeitura, novos alagamentos foram registrados, afetando trechos das ruas Itororó e José de Alencar. A desativação de algumas casas de bombas contribui para a inundação de áreas que antes estavam protegidas, conforme explicou o professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS.

As previsões indicam que o nível do Guaíba deverá levar pelo menos 30 dias para retornar ao patamar inferior a 3 metros, seguindo uma trajetória semelhante à enchente histórica de 1941, que demandou 32 dias para a normalização.